Balança comercial apresenta recuperação, com superávit de US$ 7,29 bilhões no ano, sendo US$ 2,68 bilhões apenas em agosto
Ano 3 – nº 310 – 03 de setembro de 2015
ECONOMIA NACIONAL E INTERNACIONAL
Apesar de recuperação externa, indústria segue preocupando: Os dados da balança comercial brasileira apresentam sinais evidentes de recuperação em relação ao mau resultado de 2014, tendo acumulado superávit de US$ 7,29 bilhões no ano, sendo US$ 2,68 bilhões apenas no mês de agosto. Esta recuperação, no entanto, ainda está concentrada na queda das importações, com redução de 33,7% na comparação com o mesmo período de 2014, enquanto a queda das exportações foi menor. Apesar deste dado positivo, a indústria brasileira segue preocupando, tendo recuado 1,5% no mês de agosto e acumulando queda de 8,9% em relação ao mesmo período de 2014. Este recuo está disseminado pelas diversas categorias de produtos industriais, com destaque para a produção de veículos automotores (-19,1%, na comparação com julho de 2014) e produtos alimentícios (-7,2%, na mesma comparação). Na análise por setores, o de bens de capital lidera a queda, com recuo de 27,8% na comparação com julho/2014, fato similar encontrado na composição das importações, que apresentou queda puxada pela redução na importação de máquinas e equipamentos.
Comentário: A esperança de que o país voltará a crescer devido à recuperação do setor externo não pode ser completamente descartada, mas certamente será menos intensa e mais demorada do que períodos recentes de nossa história, como no caso da superação das crises de 1999 ou 2003. Isso se deve ao fato de que o cenário externo não apresenta condições favoráveis ao avanço das exportações brasileiras, com o preço das principais commodities em queda e baixo crescimento das maiores economias mundiais. Mesmo aquelas que apresentam alguma recuperação, como o caso da economia americana, não estão abertas a importar os produtos que o Brasil tem a oferecer, ajudando pouco na recuperação econômica brasileira. Diante deste cenário adverso, a indústria brasileira ainda sente pouco os efeitos positivos da desvalorização cambial, tendo adentrado uma fase de retração pronunciada, seja devido à recessão interna, seja devido às dificuldades externas.
Talvez o efeito mais importante da desvalorização cambial não se observe nas exportações, mas na paralisação da avalanche de importações que invadia o mercado brasileiro, enfraquecendo a indústria nacional ao estabelecer condições de concorrência desiguais. Sendo assim, mais do que o fôlego exportador, a melhor notícia deste novo patamar cambial é a de que, numa futura retomada do crescimento, exista a possibilidade real de fortalecimento da industria nacional, desde que mantida uma taxa de câmbio menos valorizada. A origem desta nova fase não precisa partir exclusivamente das exportações (até pelo seu pequeno peso no PIB brasileiro), sendo recomendável que exista uma complementariedade benigna entre crescimento dos investimentos, do mercado interno e do setor externo.
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