Encontro da Fundação Perseu Abramo propõe fórum permanente para crescimento sul-americano.

Presidente do BNDES pede integração por “ar e mar” entre países da América do Sul

O presidente do BNDES, Carlos Lessa, e o ministro interino das Relações Exteriores, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, participaram no dia 10 de setembro de 2003 do primeiro dia do Seminário de Cooperação Sul-Americana, realizado pela Fundação Perseu Abramo em parceria com a Associação Comercial do Rio de Janeiro. Para Carlos Lessa, é necessária a integração física e espacial dos países sul-americanos, assim como a integração financeira, apontando ainda para controle de crédito específico no que diz respeito a ações de desenvolvimento.

Para Samuel Pinheiro Guimarães, a integração se faz necessária para reduzir as disparidades sociais e as vulnerabilidades externas de cada país, contribuindo para a construção do potencial econômico e da democracia na América do Sul. Pinheiro Guimarães alertou para a necessidade de haver “generosidade” dos países para lidar com as assimetrias entre cada nação e citou como desafios a construção de uma integração que seja comercial, de infra-estrutura e de programas sociais.

O presidente da Fundação Perseu Abramo, Hamilton Pereira, também destacou a importância da integração do conjunto dos países da América do Sul como alavanca de desenvolvimento e de soberania dos países no que diz respeito à política e à economia. O presidente da Associação Comercial, o embaixador Marcílio Marques Moreira, propôs que a iniciativa desse seminário se transforme num fórum permanente para discussão e apresentação de projetos de integração.

Na primeira mesa de debates, o vice-presidente da CAF (Corporação Andina de Fomento) na Venezuela, Antonio Juan Sosa, criticou o baixo aproveitamento dos recursos naturais e da capacidade comercial na América do Sul, que acaba por contribuir com crises de governabilidade em diversos países e expõem os países à alta vulnerabilidade. Ele destacou a importância de inovação nos setores produtivos e de investimentos na educação, como ferramentas de crescimento. “A integração não é luxo, é uma necessidade”. De acordo com Sosa, já estão em estudos 22 projetos de parceria entre a CAF e o BNDES.

Victor Ojeda, presidente da Câmara de Comércio Brasil-Paraguai propôs que fosse estudada uma “saída” para o Pacífico, idéia que foi criticada por Sosa, que afirmou que não haveria como trabalhar de forma unilateral com o Pacífico e que a necessidade, no momento, é fortalecer o mercado comum da América do Sul. Ojeda também destacou a necessidade de construção de rodovias entre os países sul-americanos.

Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Benedicto Fonseca Moreira, a palavra “integração” é utilizada com leviandade quando se refere apenas a uma zona de livre comércio. Para que haja integração, realmente, afirma ele, é preciso haver comércio efetivo, com base em interesses recíprocos, e infra-estrutura para que as conexões se estabeleçam. Ele aponta para a necessidade de critérios aduaneiros claros e menos burocráticos e de receita cambial como forma de diminuição da vulnerabilidade externa. Para ele, é necessário haver políticas verticais de educação, tecnologia, exportação e serviços.

Flávio Sottomayor, do Ministério de Planejamento, apontou como deficientes as alfândegas entre os países sul-americanos, no que diz respeito também a tempo e condições de locomoção. Para ele, a integração deve se dar por processos setoriais de desenvolvimento, pela identificação e financiamento de projetos comuns. Flávio Sottomayor, que dirige o Departamento de Recursos Para o Desenvolvimento, falou ainda da formulação democrática do Plano Plurianual do Brasil, que será revisado anualmente, como um programa permanente de crescimento sustentável. Ele destacou a necessidade de parceria entre os setores público e privado como estratégia de integração latino-americana.

Confira a programação do Seminário de Cooperação Sul-Americana, que, nesta quinta-feira, contará com a presença da ministra das Minas e Energia, Dilma Roussef, entre diversas autoridades em temas de desenvolvimento sustentável e cooperação internacional.

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