O melhor partido do Brasil
Por Romênio Pereira
Em recente encontro com religiosos e líderes de pastorais, o Presidente Lula ressaltou ser urgente a necessidade de o PT retornar o ‘sonho petista’: “as pessoas sonham que o PT volte a ser o que era, e se existe esse sonho, vamos torná-lo realidade”. Em um duro e sincero pronunciamento, Lula reconheceu a situação difícil que passa o partido, o governo e os próprios movimentos sociais, mas questionou a legitimidade de outros atores políticos e de outras siglas partidárias para fazerem o contraponto ético e político com o Partido dos Trabalhadores. “Somos o melhor partido do Brasil”, resumiu ele em sua fala.
O depoimento de Lula ocorreu quatro dias após o PT ter realizado a segunda etapa de seu 5º Congresso Nacional. Congresso este, realizado em Salvador (BA), que mostrou a vitalidade da sigla. Com a presença de centenas de militantes de todos os estados brasileiros – eleitos pelas bases em outros tantos encontros preparatórios – o partido ainda reuniu no mesmo espaço de discussão a atual e o ex-presidente da República, senadores, governadores, deputados, prefeitos e vereadores e o mais importante, um congresso com quase absoluta paridade de gêneros. Com 49,3% de mulheres participantes.
Os partidos políticos brasileiros do centro e da direita – sobretudo aqueles que querem acabar com a nossa raça ou vivem decretando que o PT morreu – jamais tiveram a coragem, por falta de militância, fôlego e musculatura, de ousar algo semelhante. O que vemos em outras siglas são decisões tomadas em mesas de restaurantes ou em pequenos encontros a portas fechadas sem o menor cheiro de participação popular. Um lembrete: quem não foi a Salvador acompanhou os debates online pela internet. Companheiros, adversários e inimigos, mesmo à distância, puderam acompanhar os trabalhos do 5º Congresso.
E para mostrar que o Congresso não é um fim em si, o PT divulgou a “Carta de Salvador”, onde, preliminarmente, reconhece “nossos avanços” aponta “nossos erros”, sugere “novos caminhos a trilhar” e aponta “um futuro de esperança, de progresso social e de paz”. E numa clara demonstração que o PT mudou – como muda a vida – mas não abriu de seus princípios norteadores, o partido reafirma que a “edificação de uma nova sociedade justa, fraterna e solidária, uma Pátria Socialista, só se fará com o aprofundamento da democracia e a ampla participação organizada das maiorias sociais”.
Como vem fazendo ao longo de toda a sua história o Partido dos Trabalhadores mostra a sua cara. Que outras siglas façam o mesmo, que digam o que querem para o país e não apenas alimentem e reforcem o ódio como arma política. A aliança PSDB-DEM-mídia familiar que outrora representava o neoliberalismo – e foram derrotadas em quatro eleições sucessivas pelo povo brasileiro – hoje é uma caricatura diante da total falta de propostas e de um apego a um golpismo que seja a flertar, pasmem, com a volta das noites dos generais.
Que eles venham quente, pois o PT está fervendo. “O Partido dos Trabalhadores não economizará esforços para ajudar a reunificar os movimentos, agrupamentos, coletivos e militantes que tornaram possível a reeleição da presidenta Dilma em outubro de 2014” e fazer valer cada vez mais as mudanças que se iniciaram com a eleição de Lula em 2002. E o PT não pode e não pretende estar sozinho nesta luta. O PT pretende construir e participar de “uma frente democrática e popular, de partidos e movimentos sociais, do mundo da cultura e do trabalho, baseada na identidade com as mudanças propostas para o período histórico em curso”.
O Congresso de Salvador indica rumos e dá um novo fôlego ao PT. Não é pelos nossos erros que eles querem nos derrotar. Se fosse isto, seria até uma justificável luta política. O que eles querem é nos destruir por não aceitar que continuemos a enfrentar o “legado de opressão e desigualdade gerado em séculos de dominação, violência, privilégios e preconceitos”. E isso nós não iremos aceitar ou sequer admitir.
“O Partido dos Trabalhadores jamais renunciará ao seu compromisso histórico com a emancipação do povo brasileiro”. Isso está escrito em nosso Manifesto de Fundação e foi agora reiterado pelo 5º Congresso de Salvador. Para quem viveu toda esta árdua e bela história dos últimos 35 anos os cabelos podem até estar raros ou embranquecidos, mas as bandeiras continuam vermelhas. E a presença maciça da juventude, em Salvador e pelo país afora, mostra que não faltaram e nem faltarão braços para carregá-las.
Romênio Pereira é Secretário Geral Nacional do Partido dos Trabalhadores e Coordenador Geral do 5º Congresso.
* As opiniões aqui expressas são de inteira responsabilidade de seus/suas autores/autoras, não representando a visão da FPA ou de seus dirigentes.