Após se reunir nesta semana, o Copom decidiu por uma nova elevação de 0,5p.p. na taxa básica de juros Selic, elevando-a para 13,25%
Ano 3 – nº 271 – 30 de abril de 2015
ECONOMIA NACIONAL
Expectativas na indústria seguem em queda e juros em alta: Após se reunir nesta semana, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu por uma nova elevação de 0,5p.p. na taxa básica de juros SELIC, elevando-a para 13,25%, maior taxa desde dezembro de 2008. Em suas considerações, o Banco Central repetiu o comunicado anterior, deixando em aberto a possibilidade de novas elevações na taxa de juros. Já os índices de confiança apresentaram variação discrepante: enquanto na indústria prossegue o processo de deterioração das expectativas, com queda de 3,4% no Índice de Confiança da Indústria (ICI) calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), chegando a 72,8 pontos, sendo que qualquer número abaixo de 100 indica retração. No setor de serviços, no entanto, o índice de confiança de abril, da mesma FGV, apresentou evolução, avançando 4,2% para o nível de 85,9 pontos. Esta melhora se deu, em particular, pela recomposição dos índices de confiança no futuro, em decorrência do arrefecimento da crise política e do fim do risco de racionamento de energia elétrica.
Comentário: A elevação dos juros em meio ponto percentual já era esperada pela totalidade do mercado, após declarações neste sentido por parte dos integrantes do Banco Central. Nossa autoridade monetária está se valendo de um forte aperto monetário (com evidentes custos sobre os investimentos e sobre o custo da dívida pública, o que deteriora os resultados fiscais nominais) para evitar a propagação dos choques inflacionários decorrentes do aumento de tarifas públicas e da recente desvalorização cambial. Mesmo assim, as expectativas são que a inflação feche o ano próxima a 8%, recuando apenas em 2016. Com a reversão do otimismo acerca da economia americana (que nesta quarta-feira, 29, apresentou taxas de crescimento baixas) e a perspectiva de manutenção de taxas de juros extremamente baixas nos países centrais (Japão e Europa inclusive), nossas taxas de juros elevadas devem atrair o capital especulativo e valorizar o real, o que alivia as pressões inflacionárias no curto prazo, mas impede a recuperação da indústria nacional. Este cenário contracionista, no conjunto das políticas macroeconômicas (fiscal, cambial, monetária e creditícia) faz com que a confiança do empresário se reduza, diante da expectativa de nova queda no Produto Interno Bruto (PIB) e na demanda. A ilusão de que o empresário ficaria mais otimista e propenso a investir com uma política fiscal e monetária recessiva está se desmontando a cada dia, assim como a expectativa de que cortes rigorosos nos gastos públicos seriam suficientes para melhorar a situação fiscal do país. A recuperação pela via das exportações também parece cada dia mais distante, em particular diante da perspectiva de revalorização do real, dado o elevado diferencial de juros. Resta a esperança de que as concessões de infraestrutura sejam suficientes para reconstituir algum otimismo aos empresários nacionais, gerando efeitos dinamizadores no conjunto da economia brasileira.
AGENDA DO DIA
EVENTO
HORÁRIO
ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO
Confiança Indústria/Brasil
9h
FGV
Confiança Serviços/Brasil
9h
FGV
Resultado fiscal/Brasil
10h30
BACEN
Desemprego/Europa
06h
EuroStat
* As opiniões aqui expressas são de inteira responsabilidade de seu autor, não representando a visão da FPA ou de seus dirigentes.
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