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Vendas no varejo recuam em fevereiro após crescimento em janeiro: As vendas no comércio varejista brasileiro em fevereiro apresentaram queda de 0,1% na comparação com o mês de janeiro, quando haviam crescido 0,3% (dado revisado de crescimento de 0,8%). Este resultado ficou ligeiramente abaixo das expectativas dos analistas de mercado, que previam crescimento de 0,1% na comparação mensal. Destaque para a queda no consumo de combustíveis e lubrificantes (-5,3% na comparação mensal), na sequência do aumento do preço da gasolina. A renda nominal do comércio varejista, por sua vez, apresentou crescimento de 0,7%, marcando o segundo mês consecutivo de taxas positivas. Na comparação com fevereiro de 2014 o varejo apresentou queda de 3,1%, mas crescimento de 0,9% no acumulado dos doze meses anteriores. O varejo ampliado, que inclui a venda de veículos, motos e peças, além de material de construção, apresentou queda mais acentuada, marcando recuo de -1,1% sobre o mês anterior, além de queda de 0,2% na receita nominal. Este é a terceira queda seguida neste indicador, sendo que a queda do varejo ampliado em relação ao mesmo mês de 2014 soma -10,3%, sendo -3,8% nos últimos doze meses para o volume de vendas. |
Comentário: A retração das vendas no varejo é resultado do aumento dos preços administrados neste início de ano (que causaram elevação no nível de preços, reduzindo o poder de compra da população), combinados com a queda das expectativas dos consumidores. Os primeiro impactos do ajuste recessivo sobre o mercado de trabalho ainda não são intensos o suficiente para servir como explicação para o desempenho negativo do comércio varejista, mas certamente terão papel ao longo do ano de 2015. Setores como construção civil, que já apresentavam desaceleração nos últimos meses, tendem a reforçar sua tendência de queda, devido à redução de atividade no setor, da mesma forma que vem ocorrendo com a indústria automobilística, tanto devido à retirada da isenção de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) quanto à continuidade da crise argentina. A redução na renda disponível das famílias, combinada com o elevado comprometimento da renda com o pagamento de dívidas, ajuda a explicar a queda no ritmo do comércio varejista. Estes fatores, somados à aceleração da inflação, levam a redução do ímpeto de consumo, contribuindo para a queda das perspectivas sobre o futuro da economia. Não é possível esperar, portanto, que o mercado interno siga impulsionando o crescimento econômico brasileiro em 2015, o que em grande medida explica as expectativas de queda acentuada do Produto Interno Bruto (PIB) para o período. |
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