Eleições departamentais francesas
No último dia 29 de março, houve o segundo turno das eleições departamentais francesas, que funcionam como um termômetro sobre como a população avalia o governo central e como pode ser a corrida presidencial, que será em 2017. O comparecimento às urnas foi baixo, girando em torno de 50% nos dois turnos. As duas maiores cidades da França, Paris e Lyon, não participaram desta eleição.
Os resultados mostraram que a União por um Movimento Popular (UMP), do ex-presidente Nicolas Sarkozy, saiu vitoriosa, conquistando 67 departamentos, mais da metade, mesmo com as denúncias contra o partido nos últimos meses. Segundo Sarkozy, a centro-direita nunca vencera antes em tantos locais. Sua campanha foi incisiva na defesa de políticas de direita e contrária à comunidade muçulmana, numa tentativa de conquistar votos da extrema-direita. Mesmo com alguma reprovação em seu partido sobre este ponto, o êxito eleitoral é visto como uma vitória pessoal dele, que agora ganha força para ser o próximo candidato da UMP em 2017.
O Partido Socialista (PS), do atual presidente François Hollande, perdeu em muitos departamentos, inclusive em locais tradicionalmente de esquerda, como o norte e a Bretanha, ficando agora com 34. Esta situação marca a terceira perda seguida para os socialistas, após as eleições municipais e europeias. Mas Hollande prometeu que não irá mudar o curso de seu governo, o que tem causado divisões internas em seu partido.
A surpresa ficou com a Frente Nacional (FN, extrema-direita), de Marine Le Pen, que era apontada como a grande promessa nestas eleições desde o começo do ano, chegando inclusive a ultrapassar o PS no primeiro turno. Porém, o sistema de dois turnos acabou por impedir a concretização da vitória da FN. O que se percebe é uma possível união entre as direitas e esquerdas locais para derrotá-la, repetindo o ocorrido nas eleições presidenciais de 2002, quando todos se uniram para derrotar Jean-Marie Le Pen no segundo turno. Agora, os resultados finais colocaram a FN em terceiro lugar, mas como os conselheiros eleitos ficaram dispersos entre vários departamentos, a frente acabou não conquistando nenhuma maioria departamental e consequentemente nenhum governo.
O Partido Comunista, apesar de ter tido uma votação menor que a FN, ficando em quarto lugar, conseguiu manter o governo em um departamento, Val de Marne.
As leituras gerais sobre estes resultados apontam diversas hipóteses:
– o descontentamento com o governo Hollande (a economia francesa mal tem crescido desde que o PS assumiu em maio de 2012, além dele ter implementado políticas de direita, apesar de ter sido eleito com uma plataforma de esquerda);
– a divisão dentro da própria esquerda francesa;
– a crise que assola o país tem afetado mais as classes média e baixa, o que gerou descontentamento em relação a uma Europa que não tem ajudado muito para mudar essa visão.
Pelo mapa a seguir, percebe-se que a direita conquistou espaço do centro ao norte e sudeste do país, enquanto a esquerda manteve a maioria no sudoeste e sul.
(Fonte: http://www.bbc.com/news/world-europe-32114520)
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