Crescimento, um problema para o futuro?
No próximo dia 27, em SP, o professor alemão Reinhard Loske faz palestra promovida pela Fundação Heinrich Böll, em parceria com a FPA e SOF
Em parceria com a Fundação Perseu Abramo (FPA) e Sempreviva Organização Feminista (SOF), a Fundação Heinrich Böll promove no dia 27 de fevereiro (veja serviço abaixo) um debate sobre as contradições e desafios do crescimento, decrescimento, futuro da economia e bem-estar social, com transmissão online pela tevêFPA. Estarão presentes Reinhard Loske, ex-deputado federal e professor titular de Sustentabilidade e Dinâmica de Transformação da Universidade de Witten, Alemanha; Mirian Nobre, militante feminista da Marcha Mundial de Mulheres e SOF; Roni Barbosa, dirigente da Central Única de Trabalhadores; e Guilherme Mello, pesquisador do Centro de Estudos de Conjuntura do Instituto de Economia da UNICAMP e colaborador da FPA.
Como ter um crescimento contínuo se os recursos naturais são finitos e a crescente emissão de gases de efeito estufa está degradando o meio ambiente pondo em risco a vida de milhões de pessoas, especialmente nos países em desenvolvimento? Na Europa e em particular na Alemanha há um crescente debate sobre a necessidade ou não da economia “decrescer” ou crescer de forma diferente, ou seja, não ser pautada no aumento do Produto Interno Bruto (PIB) para evitar o aquecimento global e garantir o futuro das sociedades. Enquanto alguns acham que com uma revolução tecnológica, aumentando a eficiência do uso dos recursos energéticos, ou uma política conseqüente de energias renováveis, aliada à “economia verde”, será possível diminuir as emissões e o gasto desses recursos finitos. Outros sustentam que isso não é nem suficiente nem funciona. Eles defendem a necessidade de uma “economia de suficiência”, o que implicaria também numa redução efetiva de produção e consumo.
Em escala global, os consumidores principais dos recursos naturais e os maiores agentes do aquecimento global são os países industrializados do Norte. Esta inegável responsabilidade histórica tem sido um dos principais pontos de embate nas negociações sobre como lidar com as mudanças climáticas no âmbito da ONU. Entre os maiores emissores de CO2 do mundo em números absolutos, hoje se encontram países emergentes, principalmente a China, mas também o Brasil. Porém, per capita as emissões estão bem abaixo das médias europeias – por enquanto.
Decrescimento
No Brasil, o apelo para a redução do consumo soa mais que estranho. Afinal, parte expressiva da população, cerca de 16 milhões de pessoas, ainda vive com menos de US$ 40 por mês, num cenário de miséria e fome, devido às enormes desigualdades sociais. Há um consenso da direita à esquerda desenvolvimentista, no poder desde 2002, que o maior crescimento possível do PIB é a condição necessária para o desenvolvimento e a redução da pobreza no país. Por outro lado, o debate de alternativas ao desenvolvimento, de mudança de paradigma, de transformação de processos não é novo no Brasil, mas continua marginal. Além disso, muitos que defendem a perspectiva da justiça social, não a aliam a dimensão ambiental.
Reinhard Loske é professor titular para Política, Sustentabilidade e Dinâmica da Transformação da universidade de Witten/Herdecke. De 1998 a 2007 foi deputado federal pelo Partido Verde e de 2007 a 2011 Secretário Estadual de Meio Ambiente e Transporte do Estado de Bremen, na Alemanha. No debate, Loske irá explicar sua tese de que crescimento do PIB pode ser bom e decrescimento pode ser melhor e porque crescimento sustentável e economia verde são ficções. Além disso, o crescimento não é sinônimo de desenvolvimento, assim como decrescimento não é de pobreza. E é possível para sociedades como a brasileira construírem uma economia e uma sociedade futura que não se baseie no PIB como índice principal de bem-estar social.
Serviço
Porque o crescimento pode ser um problema para garantir o nosso futuro
Debate com professor Reinhard Loske e convidados
Dia 27/2, às 9h
Auditório da Ação Educativa (Rua General Jardim, 660 – Vila Buarque. São Paulo)
Com transmissão online ao vivo pela tevêFPA www.fpabramo.org.br.
Mais informações: http://br.boell.org/pt-br