Cepal: estudo compara queda da desigualdade de renda na América Latina
Estudo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Panorama Social de América Latina, discute a redução da desigualdade de renda para 15 países da região. Segundo o estudo, a América Latina não é a região mais pobre do mundo, mas é a mais desigual, o que representa um grande obstáculo para seu bem-estar atual e desenvolvimento futuro. Segundo o estudo, houve muitas melhorias na região: entre 2002 e 2013 o índice de Gini médio da região, que mede a desigualdade de renda, caiu aproximadamente 10%, de 0,542 para 0,486. No entanto, segundo o estudo, em geral, a redução da desigualdade na região tem desacelerado.
O gráfico abaixo mostra que a redução do índice de Gini no Brasil foi mais alta no período de 2008 a 2013 que de 2002 a 2008, assim como na Argentina, Uruguai, Bolívia, entre outros. Por outro lado, os dados mostram que a redução da desigualdade na Venezuela, por exemplo, foi muito maior de 2002 a 2008 que no período mais recente.
América Latina (15 países): variação anual do índice de Gini, 2002-2008 e 2008-2013 (em %)
Fonte: Cepal, 2014
Quanto à distribuição da renda em distintos grupos da população, entre 2008 e 2013, a participação dos 20% domicílios mais pobres aumentou na região, passando de 5,2% para 5,6%; por outro lado, durante o mesmo período na região, o quintil mais rico respondeu por menor porcentagem da renda, caindo de 48,4% da renda total para 46,7%, que mostra uma redução da desigualdade na região.
Quanto ao Brasil, os 20% mais pobres tinham uma participação de 4,1% da renda total em 2008, que subiu para 4,6% em 2013. Já os 20% mais ricos caem de 58% da renda para 53,6% no mesmo período, passando a relação entre a renda dos 20% mais ricos e os 20% mais pobres de 26,2 vezes para 21,3. Apesar da queda muito significativa, o abismo continua muito grande. No Uruguai, por exemplo, essa relação foi de 9,6 para 7,2 no mesmo período, e na Argentina foi de 16,6 para 13,2. O alerta da Cepal para a desaceleração da redução da desigualdade mostra a necessidade do comprometimento com essa meta na região: a desigualdade continua sendo um grave problema da região e, apesar das melhorias nos anos recentes, os 20% mais ricos continuam com uma fração da renda total da região correspondente a 8,3 vezes o que corresponde aos 20% mais pobres.
|