Rendimentos do trabalho: melhorias, mas persistência da desigualdade de gênero

Boletim Diário de Política Social 91 – Rendimentos do trabalho: melhorias, mas persistência da desigualdade de gênero

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11 de novembro de 2014

Rendimentos do trabalho: melhorias, mas persistência da desigualdade de gênero


Nos anos 2000, assistiu-se à redução da desigualdade de renda atrelada sobretudo à melhora nos indicadores do mercado de trabalho. Mas diversas análises mostraram a persistência de desigualdades de rendimentos quanto ao gênero no mercado de trabalho brasileiro.

A Nota Técnica nº 140 do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), por exemplo, mostra que, analisando o mercado de trabalho formal no Brasil a partir de dados da Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego (Rais-MTE), é persistente a desigualdade de remuneração média por sexo: em 2013, as mulheres tiveram rendimentos em média 17,7% menores que os dos homens, patamar semelhante ao dos anos anteriores. Os patamares da desigualdade de rendimentos nos empregos formais estão nas regiões Sudeste e Sul, como mostram o gráfico, tendo inclusive crescido no Sudeste.

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As assimetrias na remuneração média de homens e mulheres também são verificadas com distintos graus de intensidade entre os setores de atividade econômica. Em 2013, uma trabalhadora da indústria de transformação recebia, em média, 34,6% menos que um trabalhador do sexo masculino no mesmo setor, e, na administração pública, 24,8% menos. Nos serviços, a diferença foi de 21,4%; na indústria extrativa mineral, de 2,9%; e negativa no caso da construção civil (-5,2%), setor com pouca presença feminina.

Indicadores do mercado de trabalho a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), entre os anos 2003-2013, mostram que o rendimento médio das mulheres ocupadas, considerando o mercado de trabalho em geral e não só o formal, é menor em comparação ao dos homens ocupados: se em 2002 o rendimento das mulheres ocupadas correspondia a 63% do rendimento dos homens, em 2012 esse valor já era de 70%, o que mostra a diminuição da desigualdade, mas a persistência de um patamar alto. Assim, percebe-se que a desigualdade de rendimento para o gênero no mercado de trabalho formal é menor que no mercado de trabalho em geral.

Assim, apesar de alguns indicadores mostrarem ligeira melhora, continua grande o abismo entre homens e mulheres no mercado de trabalho.


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Análise: Ana Luíza Matos de Oliveira, economista
Acesse: www.fpabramo.org.br
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