O 5º Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) mostrou que o Brasil avançou muito no cumprimento das metas estabelecidas em 2000 pela Organização das Nações Unidas (ONU), tendo cumprido com antecedência com alguns objetivos a serem alcançados até 2015. Faltando menos de 500 dias para o fim do prazo, “melhorar a saúde materna”, o quinto dos oito objetivos, ainda é um grande desafio para o Brasil: de 1990 a 2011 o país reduziu em 55% a taxa de óbitos das gestantes, avanço maior do que o da América Latina e o do mundo, cujas reduções foram de apenas 45%. Mas ainda é preciso que o Brasil melhore.
Especialistas apontam que, para a continuidade da melhoria dos índices no Brasil, o enfoque deve ser dado à importância das consultas pré-natais, do atendimento médico e da necessidade da humanização da assistência obstétrica, com o fortalecimento das parteiras tradicionais como elo importante entre comunidade, serviços de saúde e outros profissionais da saúde.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que mais de meio milhão de mulheres no mundo morrem por causas maternas a cada ano, levando crianças à orfandade, as quais têm risco de 5 a 10 vezes maior de morrer antes de completar dois anos do que as crianças que vivem com os pais. Estudos mostram que cerca de 95% da mortalidade materna na América Latina e Caribe poderia ser evitada, pois as causas mais frequentes destes óbitos são: hipertensão, hemorragias, aborto inseguro, infecção puerperal (em período de até 42 dias após o parto), ou violência contra a mulher.
Dentre as causas de morte materna no Brasil, destaca-se que o aborto é a quinta maior, responsável por cerca de 10% dos casos e por 2.010 óbitos maternos de 1995 a 2010, segundo números registrados pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Estimativas extraoficiais, entretanto, apontam números maiores. Dados preliminares da Pesquisa Nacional de Aborto no Brasil mostram que, ao final de sua vida reprodutiva, uma em cada cinco mulheres já fez abortos, sem diferenciação relevante na prática quanto à crença religiosa, mas sendo mais frequente entre mulheres de menor escolaridade. Metade das mulheres entrevistadas relataram ter sido internadas após o aborto. Tais dados apontam que, para a continuidade da redução da mortalidade materna no Brasil, é preciso também tratar o aborto como questão de saúde pública, por levar ao óbito centenas de mulheres por ano no país.
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