Mercadoria da moda: candidatos
Por Débora Cruz
Enquanto o candidato for apresentado ao eleitor como um produto, a política perde, pois fica cada vez mais despolitizada. O eleitor vota num produto apenas, induzido pela massificação que o marketing se propõe.
O marketing publicitário é quem dita e dá o tom das campanhas. Cria um candidato inexistente, produzido de uma forma que possa agradar o eleitor. O candidato passa a ser um produto, como qualquer outro que se encontra nas prateleiras dos supermercados. Não seria exagero chamá-lo de candidato transgênico “photoshopcamente” modificado.
A grande questão é que depois do uso cotidiano das redes sociais, os cidadãos têm muito mais acesso à informação e à opinião das pessoas. Não se aceita mais qualquer produto, muito menos um produto diferente do que ele é na vida real. Podemos classificar por propaganda enganosa o que querem nos vender. A repercussão nunca será tão positiva como se espera.
O que muito me preocupa é ver o eleitor se transformar numa vítima da propaganda enganosa desse “produto” criado pelos publicitários. Ao longo das eleições que o Brasil já realizou, as propostas dos candidatos, na maioria das vezes, morrem no primeiro dia útil após o pleito. Isso porque muitos desses produtos apresentados são totalmente diferentes do que vivencia o cidadão, que é quem consome o produto na vida real.
Por que os marqueteiros e as coordenações de comunicação não ouvem o povo? Por que não fazem uma análise de sentimentos pelo que as pessoas publicam em suas redes sociais ao terem acesso aos programas? Tenho certeza que mudariam de ideia sobre suas propagandas e deixariam os programas eleitorais mais próximos à realidade das comunidades carentes, da população que mais precisa do Estado.
Hoje em dia, existe um acompanhamento cotidiano do que vem sendo executado pelas gestões e pelos gestores. Depois de quatro anos sem comunicar propostas efetivas para a melhoria da vida do povo, como uma educação de qualidade, uma saúde digna, transportes e segurança de alto nível, essas proposições caem no esquecimento pelos próximos quatro anos e “a gente vai levando…”.
Débora Cruz é jornalista e gestora em mídias sociais