Estudo recente do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta o Brasil como exemplo para os países ditos desenvolvidos em termos de redução da desigualdade social. Entre 2002 e 2012, por exemplo, no Brasil, o coeficiente de Gini diminuiu de 0,59 para 0,53, enquanto, nesse mesmo intervalo de tempo, a razão entre a renda dos 10% mais ricos e a dos 40% mais pobres declinou de 22,2% para 15,4%, por exemplo. Apesar da melhora, é certo que o país continua apresentando altos níveis de desigualdade, porém deve-se considerar que o aprofundamento das desigualdades econômicas e sociais alcançou, no período recente, lugar de destaque entre as maiores preocupações globais, especialmente nos países de capitalismo avançado.
Tais países, especialmente da Europa e os EUA, apresentam a partir da década de 1950 queda na desigualdade, que se estende até a década de 1970 ou 1980, quando de sua reversão, o que, segundo o estudo, remonta ao processo de desconstrução da arquitetura econômica e política que serviu de sustentação aos “anos dourados” do capitalismo do pós-guerra. Segundo o estudo, nos dias de hoje, 1% das famílias detém aproximadamente 46% da riqueza mundial, enquanto a metade mais pobre da população do globo possui uma riqueza inferior à apropriada pelas 85 pessoas mais ricas do mundo. Adicionalmente, entre 1988 e 2008, o coeficiente de Gini aumentou em 58 países, enquanto, no mundo, sete de cada dez pessoas residem em países cuja concentração da renda se ampliou no período recente.
Esses resultados são a prova de que um mercado de trabalho favorável, conjugado a políticas públicas eficientes, pode reduzir a desigualdade social e melhorar o bem-estar da população. No Brasil, no entanto, os desafios permanecem pelo alto nível de desigualdade social, sendo importante por exemplo uma reforma tributária que permita mais progressividade nas tributações e ampla discussão na sociedade sobre as causas e efeitos dessa desigualdade.
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