Rolezinhos: é preciso construir respostas
A série Ciclo de Debates sobre Democracia, promovido pela Fundação Perseu Abramo (FPA) e a Fundação Friedrich Ebert (FES), no dia 9 de abril, debateu o tema “Rolezinhos, consumo e periferia”. A terceira sessão do ciclo contou com a participação de Rosana Pinheiro Machado, pesquisadora da Universidade Oxford, e Gabriel Medina, coordenador de Políticas para Juventude da Prefeitura de São Paulo.
Para a professora Rosana apresentou sua pesquisa, realizada desde 2009, sobre a periferia de Porto Alegre (RS) e também comentou as ações que têm acontecido em todo o país.
“Pesquisamos o fenômeno dos bandos, a presença nos shoppings centers e o nosso enfoque era sobre o fenômeno das marcas, do consumo, da sociabilidade juvenil”, contou Rosana, que também analisa que a visão sobre o tema é violento e preconceituoso.
A importância de discutir os rolezinhos, para ela, existe porque precisamos pensar a segregação brasileira e o preconceito social e racial, e as tentativas das elites de criminalizarem os mesmos. Mas ela lembra que trata-se de um fenômino mundial, inclusive a partir do ponto de vista do consumo das marcas.
Rosana também relembrou a opressão sofrida pelos capoeiristas em tempos remotos no Brasil e comentou como componente político muito importante o fato de “os jovens saberem que é preciso vestir as marcas para serem aceitos”, disse.
Sobre o assunto, ela também fala que não podemos falar só da postura das polícias, mas principalmente dos seguranças particulares dos shoppings.
Para Gabriel Medina é preciso pensar o fenômeno para chegar a respostas. “O rolezinho aponta as boas coisas do nosso projeto, a ascensão econômica, o acesso ao consumo. Mas apresenta também limites”.
Medina fala sobre o preconceito relacionado ao consumo e sobre a necessidade de problematizar o padrão de consumo na hora de construir um projeto de desenvolvimento sustentável e “construir outros caminhos”.
Os rolezinhos, para ele, fizeram também surgir debates sobre o lazer como direito e explica: “os líderes dos rolezinhos são os filhos da nova classe trabalhadora ampliada”, fazendo surgir novos temas para a sociedade, que ampliam os direitos das juventudes, o direito à cidade e ao lazer.
Medina defende que as respostas sejam pautadas pelo direito à igualdade e contra os preconceitos, sejam eles raciais ou econômicos.
Hotsite
E para quem quiser ver e acompanhar os vídeos e notícias do Ciclo de Debates FPA e FES, tanto sobre Classes Sociais quanto o de Democracia, a FPA lançou o hotsite: www.fpabramo.org.br/ciclosfpa.
Neste espaço estão disponíveis para visualização as íntegras com os vídeos dos debates sobre Classes Sociais, o livro “Classes? Que classes” para download, e novidades sobre o ciclo de debates sobre Democracia.