O crédito possui importante papel na economia, uma vez que é essencial ao financiamento do consumo das famílias e do investimento dos setores produtivos. Segundo a nota técnica 135, lançada nesse mês pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese), no Brasil, a oferta de crédito vem crescendo expressivamente nos últimos anos, como mostra o gráfico abaixo:
O estudo também mostra que os bancos públicos são de grande importância para sustentar essa alta do crédito e o ciclo de expansão da atividade econômica. Ao longo de 2013, a relação crédito/PIB dos bancos públicos (28,9% do PIB) ultrapassou a dos bancos privados (27,6% do PIB), pelo fato de os últimos sustentarem a oferta de crédito desde o início da crise financeira mundial, notadamente nos financiamentos aos setores industrial, agrícola e habitacional, como parte da estratégia do governo federal para enfrentar a crise internacional. Entre as modalidades de crédito que tiveram melhor desempenho no período (2008-2013) destacam-se o crédito com recursos direcionados (crédito imobiliário, rural e recursos do BNDES para investimentos), microcrédito e agroindústria.
Quando ao crédito imobiliário, o volume do saldo da carteira de crédito direcionado para aquisição e financiamento imobiliário cresceu 5,7 vezes (474,8%) entre 2008 e 2013, segundo o estudo. A relação Crédito Imobiliário/PIB também se ampliou: em janeiro de 2008, essa relação era de 1,84%, e em dezembro de 2013 chega a 8,22%. Vários fatores influenciaram esse crescimento do crédito habitacional, como o aumento da renda das famílias, a estabilidade econômica, além do incentivo do governo aos programas de aquisição da casa própria, como o Minha Casa, Minha Vida. Quanto ao setor rural, em janeiro de 2008, o crédito representava 3,36% do PIB. Ao longo desse período, esse percentual se ampliou, passando a representar 4,56% de toda a riqueza gerada no país. Quanto ao microcrédito, houve uma clara inversão entre 2008 e 2013, já que, no primeiro período, o microcrédito ao consumo representava 73% do total e o crédito aos microempreendedores apenas 27%. Em dezembro de 2013, a participação das linhas de consumo caiu para 10% e a dos microempreendedores subiu para 90% do microcrédito total. Entretanto, o estudo aponta que a continuidade da expansão do crédito no país apresenta algumas restrições de ordem conjuntural e estrutural, tais como a elevada taxa de juros e os altos spreads do sistema financeiro nacional. |