Ciclo de Debates promovido pela Fundação Perseu Abramo (FPA) e a Fundação Friedrich Ebert (FES) reuniu especialistas em internet e ativismo em redes

Com participação de especialistas em internet e ativismo nas redes, o Ciclo de Debates promovido pela Fundação Perseu Abramo (FPA) e a Fundação Friedrich Ebert (FES) discutiu nesta quarta-feira, 7 de maio, a participação popular e política distribuída.

Patricia Cornils, do Transparência Hacker, Gisele Craveiro, professora da USP, Guilherme Flynn, professor da Universidade Metodista, e Bernardo Gutierrez, do Futura Media, fizeram suas apresentações e contribuições ao debate, mediado por Jean Tible, da FES. Além da participação de internautas, o ciclo contou também com a participação de Joaquim Soriano, diretor da FPA, e Marcelo Dias, presidente da Comissão da Igualdade Racial da OAB-RJ.

"Tecnologia é política e software livre é inteligência colaborativa", no Ciclo de Debates

Patrícia citou o Marco Civil da Internet como resultado do ativismo e militância

As apresentações partiram de exemplos de articulações e projetos que vêm ocorrendo no âmbito da participação popular, assim como iniciativas da sociedade que visam participação política sem ser por meio de partidos políticos ou eleições, explicou Patrícia Cornils.

Cornils também falou sobre as possibilidades de mobilização por meio da internet e as variadas contribuições que surgem, lembrando que “tecnologia é política e software livre é uma das maneiras de produzir inteligência colaborativa e aberta”. Como exemplo mais recente está a aprovação do Marco Civil da Internet, que é resultado também do ativismo e ação da militância com unidade, independente de onde atuam.

A professora Gisele abordou o histórico do recente ativismo, que data da década de 1970, e também aponta o advento do software livre como resultado de várias iniciativas. “Com menos dependência cria-se um sistema vertical. A colaboração não é algo novo, mas a diferença está no fato de que com as novas tecnologias aumentam as possibilidades de compartilhar e difundir”. Um desdobramento apontado por Gisele seria o aparecimento de um “novo modo de fazer política”, mas questiona: “como essa nova lógica irá substituir ou trabalhar junto com o novo modelo?”

"Tecnologia é política e software livre é inteligência colaborativa", no Ciclo de Debates
Gisele: “novas tecnologias aumentam as possibilidades de compartilhar e difundir”

Bernardo Gutierrez fez um balanço das recentes revoltas globais, conectadas por meio da internet e das redes sociais, gerando praças ocupadas, realização de assembleias populares, plataformas participativas e democracia nas redes. Para ele, “em geral não ações contra alguma coisa, mas a favor da construção de algo novo”, sem deixar de alertar que as “multidões não têm representantes, muda-se o papel dos intermediários. Tudo mudou e muito mais mudará nas próximas décadas”.

"Tecnologia é política e software livre é inteligência colaborativa", no Ciclo de Debates

Gutierrez: balanço das recentes revoltas globais, conectadas pela internet

Para Flynn, “tomar parte de algo vai além dos governos” e seus espaços de participação, como é o caso das conferências nacionais. “Conferências são importantes, pois mudaram a forma como as pessoas tomam parte”. Para ele, é preciso que se tome parte dos processos de construção de novos valores, e a política popular acaba existindo de forma diferente a partir das novas tecnologias, que estão por trás das novas mobilizações.

O professor acredita que os espaços governamentais são muito importantes, mas para diversos grupos, com as novas tecnologias e os meios de comunicação, “surgem outras formas de atuação, com riqueza de possibilidades”. Ele sugere a união das lutas reais com ativismo digital e espera haver “diálogo possível a ser feito, independente de onde seja a atuação de cada um”. Para Flynn, seria uma ação que fortaleceria as variadas lutas em curso.

"Tecnologia é política e software livre é inteligência colaborativa", no Ciclo de Debates

Flynn: novas formas de atuação a partir das tecnologias

Veja aqui vídeo com a íntegra do debate:

O ciclo

O ciclo terá oito sessões, de março a junho deste ano, sendo que cada sessão terá três intervenções iniciais, seguidas de debate com a sala e o público, com transmissão online excluvisa da tevêFPA. Os debates serão realizados na FPA e transmitidos online (tevêFPA), às quartas-feiras.

A primeira mesa do Ciclo de Debates sobre Democracia aconteceu no dia 12 de março, com a presença de Rodrigo Nunes (PUC-Rio), Paulo Vannuchi (Instituto Lula) e mediação de Joaquim Soriano, da FPA, e de Jean Tible, da FES. Veja aqui vídeo com a íntegra do debate.

A segunda mesa teve como tema A Nova Polícia e a Democracia, realizada na quarta-feira, 26, e foram convidados para o debate a doutora em Ciência Política e pesquisadora do IUPERJ, Jacqueline Muniz; o historiador e militante da Uneafro, Douglas Belchior; e o vereador do PT de Porto Alegre (RS), Alberto Kopittke, que ajudou a coordenar a 1ª Conferência Nacional de Segurança, no governo Lula, sendo, em 2011, no governo Dilma, secretário-adjunto nacional de Segurança Pública.

E a terceira mesa ocorreu no dia 9 de abril, debatendo o tema “Rolezinhos, consumo e periferia”, com a participação de Rosana Pinheiro Machado (pesquisadora da Universidade Oxford), Gabriel Medina (coordenador de Políticas para Juventude da Prefeitura de São Paulo), MC Chaveirinho.

Já a quarta edição debateu, em 23 de abril, a Copa do Mundo e as cidades, com a participação de Wagner Caetano, da Secretaria Geral da República, Esther Solano, professora da Unifesp, e Natalia Szermeta, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

Visite o canal da Fundação Perseu Abramo no Youtube e assista os debates já realizados e também conheça o hotsite do Ciclo de Debates aqui.

Ciclo de Debates sobre Democracia: Copa e as cidades

Ciclo Debates sobre Democracia com o tema Rolêzinho