Por Maria Regina Teodoro

21 de janeiro é conhecido como Dia Mundial da Religião e poderia ser também marcado por manifestações religiosas de todos os tipos e cores devido ao enorme número de religiões que hoje circulam em todo mundo.

No entanto, um fato triste e trágico também marcou a data no Brasil devido a intolerância religiosa sofrida pelas religiões de matriz africana.

Em 2000, em Salvador, a líder de matriz africana Gildásia dos Santos e Santos, a Mãe Gilda do terreiro Axé Abassá de Ogum, morreu vítima de um enfarto após ver sua foto publicada em um jornal juntamente com um texto depreciativo. Com isso, a data ficou marcada como o Dia Nacional contra a intolerância religiosa da matriz africana e, hoje, serve para estimular a sociedade a dialogar sobre o assunto e também a construir mecanismos de reconhecimento e valorização para que essas religiões possam ser respeitadas e, seus seguidores, protegidos.

Fruto do preconceito e, principalmente, do racismo existente em nossa sociedade, a população negra brasileira assim como os demais seguidores das religiões de matriz africana sofrem constantemente preconceito e discriminação apenas por terem determinadas crenças.

Destaco que a Constituição Federal assegura a todos e todas a liberdade religiosa ao determinar: “ser inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e garantindo, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias.”

Para tanto, ressaltamos a defesa à ancestralidade africana através de um conhecimento da história africana, de seu povo e seus descendentes brasileiros tal como propõe a lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas. No entanto, essa lei ainda está longe de ter seu objetivo alcançado permitindo que injustiças sejam feitas e perpetuando a discriminação e o racismo como formas de lidar com as religiões de matriz africana.

Nesta data reforçamos a necessidade e urgência do respeito à todas as religiões e em especial às religiões de matriz africana, que carregam em si o estigma e o preconceito racial de nossa sociedade.

Maria Regina Teodoro é secretária de Promoção da Igualdade Racial da Contracs