Novembro negro e a reconexão com as periferias
A atual edição da revista Reconexão Periferias coloca em pauta mobilizações sociais que marcaram o mês de novembro, quando se completaram 30 anos anos da primeira Marcha Zumbi dos Palmares e dez anos da Marcha Nacional das Mulheres Negras. Também busca provocar uma reflexão sobre as transformações sociais, políticas, tecnológicas e econômicas que vêm ocorrendo no mundo, com impacto direto nas periferias brasileiras.
No artigo Perspectivas para 2026, a área ReconexãoPeriferias apresenta as prioridades de sua atuação em 2026, voltada ao fortalecimento da organização e presença do Partido dos Trabalhadores nas periferias, nas cidades, nos campos e quilombos do Brasil
Uma análise de como a violência policial no Rio de Janeiro se converteu em instrumento político de poder e visibilidade para o governador do estado e a extrema-direita é apresentada no artigo A política por trás da política de morte de Cláudio Castro, assinado porPaulo Cesar Ramos, Ruan Berbardo, Barbara Martins.
No artigo Marcha Zumbi (1995): há 30 anos, movimento negro na disputa pela cidadania e ressignificação do Brasil, o sociólogo Danilo Morais apresenta a manifestação “como ponto de chegada de mobilizações que lhe são anteriores, destacadas por inovações político-societais, próprias da agenda de parte do movimento negro em sua reemergência nos anos 1970”. E destaca em especial “a articulação entre demandas pelo reconhecimento de especificidades históricas e culturais, dos modos de ser e viver com referências “afro” ou do que chamaríamos hoje de diáspora africana, mas que se vinculam também às demandas de enfrentamento de desigualdades raciais”.
As mudanças climáticas e seus impactos sobre a vida no planeta são o foco do texto elaborado por Hellen Virgínia da Silva Alves e Denise Viana Borges. “Especialmente na Amazônica brasileira, as mudanças climáticas causam mudanças significativa no modo de vida das populações tradicionais e estão associadas à insegurança alimentar e ao imaginário coletivo a respeito do futuro.”
Na seção entrevista, o secretário de Justiça e Direitos Humanos da Bahia, Felipe Freitas, argumenta que é preciso romper com a ideia de que a violência policial é um preço inevitável no combate ao crime. “Não é concebível tratar a letalidade como um efeito colateral necessário ao enfrentamento do crime organizado. É preciso recusar essa lógica e construir outro caminho, que valorize o trabalho policial sem abrir mão do respeito à vida”, afirma.
A revista apresenta ainda reportagem sobre a Marcha das Mulheres Negras por reparação e bem-viver, que reuniu 300 mil pessoas em Brasília no dia 25 de novembro, maior mobilização política de mulheres negras que o mundo já viu.
E traz o registro de dois seminários realizados em outubro pela Reconexão Periferias: Fortalecer o PT nos territórios, em parceria com as secretarias nacionais de Organização, Nucleação e Movimentos sociais do PT. E Segurança Alimentar e Nutricional – o combate à fome e miséria nas periferias, em parceria com a Secretaria Setorial Agrária, o Setorial de Segurança Alimentar e o Setorial Energia do PT em 16 de outubro, Dia Mundial da Alimentação.
A seção de arte traz a paraense Isabella Muriá, que expande suas criações visuais em diferentes telas e linguagens. Entre rios e ruas, investiga visualidades que bordam sua pesquisa em uma travessia que observa o mundo a partir de perspectivas amazônicas, entrelaçando memórias pessoais e coletivas. Com paralelos entre a espiritualidade, ancestralidade, consciência ambiental e realidades sociais contemporâneas. Atua também como arte educadora e é idealizadora do projeto Maré das Cores.
