A classe operária tem dois sexos: uma obra necessária e atual

A primeira edição do livro A Classe Operária tem Dois Sexos – Trabalho, dominação e resistência (1991) tem dois grandes significados: é uma publicação póstuma que marca a vida e obra de Elizabeth Souza-Lobo e apresenta os temas de gênero e desigualdade das mulheres pela primeira vez entre as publicações da Fundação Perseu Abramo (FPA).
Perdemos Beth Lobo muito precocemente, em um acidente automobilístico na Paraíba, que também matou a dirigente sindical rural Maria da Penha Nascimento Silva. Naquele momento, Beth viajava para participar de um ciclo de formação com trabalhadoras rurais. Estudiosas e pesquisadoras concordam que, a partir daquela viagem, Beth começaria novos estudos, desta vez voltados para o mundo rural.
A publicação que abarca o pensamento e os estudos de Beth Lobo chega à quarta edição e tem sua apresentação assinada por ninguém menos do que a filósofa Marilena Chauí. Para ela, “não se trata apenas de uma justa homenagem a essa pioneira dos estudos de gênero na esfera do trabalho, mas também de assinalar as contribuições duradouras de sua obra, tão cedo truncada. Diante de nós, descortina-se o campo simbólico de representações no qual são construídos o feminino e o masculino em suas múltiplas relações, da sexualidade ao poder. É isto que faz este livro não simplesmente atual, mas uma contribuição duradoura para os que, como Beth Lobo, estão empenhados na emancipação de homens e mulheres”.
Nesta quarta edição de A Classe Operária Tem Dois Sexos a publicação ganhou o selo Nalu Faria, coleção da Fundação Perseu Abramo que homenageia outra feminista petista, falecida em 2023 e que pretende manter os debates e discussões sobre gênero, feminismo e política partidária.
Autoras comprometidas com o feminismo
No primeiro volume da Coleção Nalu Faria, Feminismo e o PT, estão reunidas autoras comprometidas com o feminismo e com o partido. Seus textos representam o bom combate em várias frentes, sempre com a presença no movimento feminista, desde a formação do partido, passando pela Constituinte, campanhas presidenciais de Lula e Dilma Rousseff, chegando até às conquistas e vitórias institucionais que alcançam todas as mulheres brasileiras, como o combate ao feminicídio, a Lei Maria da Penha, e garantias como as leis de proteção ao trabalho e a igualdade salarial.
Presidenta do Conselho Curador da FPA, ex-ministra de Políticas para as Mulheres do governo Dilma Rousseff, professora universitária e coordenadora da Coleção Nalu Faria, Eleonora Menicucci festejou a quarta edição, relembrando que a Fundação Perseu Abramo abriu uma série de publicações a partir do livro de Beth Lobo.
Para Eleonora, “é importante relançar os estudos da saudosa Beth Lobo e também enaltecer toda produção feminista ou sobre a vida das mulheres, no Brasil e no mundo. A organização feminista no PT ousou responder a uma questão frequentemente colocada: a de construir o feminismo vinculado a um projeto político partidário. Buscou, portanto, enfrentar uma antiga debilidade da esquerda, que é objeto de debate permanente no movimento de mulheres”.
Conheça as demais publicações FPA:
- A imagem da mulher na mídia – Controle social comparado (2017) – Rachel Moreno
- União Operária (2015) – Flora Tristan
- Mulher e política: Gênero e feminismo no Partido dos Trabalhadores (1998) – Ângela Borba (org.), Nalu Faria (org.) e Tatau Godinho (org.)
- Gênero, patriarcado, violência (2004 e 2015) – Heleieth Saffioti
- Uma história do feminismo no Brasil (2003)-Céli Regina de Assis Pinto
- Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado – Uma década de mudanças na opinião pública (2013) – Gustavo Venturi e Tatau Godinho (org.)
- A mulher brasileira nos espaços público e privado – Gustavo Venturi, Marisol Recamán e Suely de Oliveira (orgs.)
- Na trilha do arco-íris – Do movimento homossexual ao LGBT (2009)-Julio Assis Simões e Regina Facchini