Reconexão Periferias divulga estudo sobre participação institucional de organizações periféricas
Coletivos artísticos e aqueles formados após o ano 2000 predominam entre as 281 entidades que nunca participaram de conselhos de participação e controle social nem de políticas de fomento
O Reconexão Periferias, da Fundação Perseu Abramo, acaba de lançar um estudo sobre a relação das organizações periféricas de todo o Brasil com o Estado e a política institucional. Para produzi-lo, foram analisadas as ONGs que nunca participaram de conselhos, de editais ou políticas públicas e as que responderam negativamente a ambas as questões, em um universo de mil entidades mapeadas pelo projeto ao longo de seis anos. As informações coletadas e analisadas deram origem ao relatório Participação institucional e periferias – Informe a partir do Mapeamento de movimentos sociais e coletivos das periferias brasileiras, disponível para download.
A pesquisa mostra que entre as mil organizações mapeadas, 467 nunca participaram de conselhos de participação e controle social; 464 não participam ou nunca participaram de editais de fomento ou de alguma etapa do processo de produção de políticas públicas; e 281 nunca participaram tanto de conselhos quanto de editais e outros processos de produção de políticas públicas. Em relação ao ano de fundação, as organizações criadas no período mais recente afirmam com maior frequência que nunca participaram desses espaços e processos.
Agenda das mulheres em destaque no relatório
Quando são observadas as entidades que atuam nas agendas das mulheres, há um notável crescimento da participação social. Entre aquelas que responderam “mulher, mulheres, feminismo, feminista e gênero” à pergunta “Qual o objetivo/prioridade da organização?”, 63% têm presença em conselhos de participação e de controle social; e 57% já se inscreveram em editais de fomento ou em processos de ações e programas governamentais. De acordo com o relatório, essa diferença pode estar ligada a uma série de fatores, entre eles a histórica luta dos movimentos feministas para a visibilidade desta agenda, sua institucionalização no Estado, o fortalecimento de conselhos de mulheres nos níveis nacional e subnacional nas últimas décadas, além do maior interesse em compor esses espaços e/ou maior oportunidade para acessá-los.