Painel do CASB: É preciso alternativa ao neoliberalismo para enfrentar a extrema-direita na Europa
FPA realizou nesta quarta-feira (2$) último painel sobre avanço da extrema-direita no mundo
O mundo todo tem acompanhado com apreensão os desdobramentos políticos em toda a Europa nos últimos meses. E os resultados, ainda que com suas particularidades, pavimentam um caminho esperançoso para a esquerda no Continente.
A constatação é que, embora avance perigosamente, a extrema-direita parece estar próxima de seu limite, sem forças para conseguir governar importantes democracias como França, Alemanha e Itália.
O tema esteve no centro do debate do quarto e último painel realizado pelo Centro de Análise da Sociedade Brasileira (CASB) nesta quarta-feira (24). Antes, o Centro já havia realizado painéis temáticos sobre os Estados, América Latina e Brasil.
A primeira a falar na edição dedicada à Europa foi a cientista política francesa Florence Poznanski. Para ela, em participação virtual, a extrema-direita, tanto lá quanto cá, tem “buscado legitimação por meio de movimentos sociais, influenciadores, além de ampliar a sua atuação dentro de instituições tradicionais e realinhado o discurso para ampliar a captação de novos apoiadores.”
O mesmo acontece na Alemanha, sobretudo por meio do partido Alternativa Para Alemanha (AFD), surgido em 2013 e tem ganhado força usando uma das armas mais caras da extrema-direita: trabalhar para gerar o medo. “A extrema-direita atual atua no medo das pessoas. Negaram a pandemia, as mudanças climáticas e insistem no discurso de que a imigração é a causa de todos os problemas”, afirmou o deputado alemão Ferat Koçak.
O parlamentar, presente no auditório da FPA, disse que, felizmente, tanto na Alemanha quanto em outros paises europeus, foi possível barrar o avanço da extrema-direita, mas provoca: está na hora de ir além de barrar e começar a enfrentá-la até vencê-la de uma vez por todas.
Por fim, quem também falou sobre o avanço da extrema-direita na Europa foi o cientista político Josué Medeiros. “Do final de 2023 para cá podemos dizer que a extrema-direita ganhou, mas não levou. Ou seja, mesmo com o avanço de partidos e lideranças ultraconservadoras, houve um contragolpe realizado a partir da união em bloco de forças progressistas que impediu que chegassem ao poder. Foi assim na Espanha, em Portugal, na Holanda”.
O crescimento da extrema-direita, prosseguiu Josué Medeiros, é real, mas acabou por mostrar uma grande força de mobilização da esquerda que tem evitado resultados piores até aqui. “Achamos uma fórmula para derrotar a extrema-direita, mas ainda não definitivamente. Eles vão continuar tendo força, mas pelo que temos visto não suficiente para governar”, concluiu.
Florence Poznanski
Ferat Koçak
Josué Medeiros