Estes foram alguns dos caminhos apontados pelos participantes do debate promovido pelo NAPP Cidades nesta quarta-feira (10)

A periferia está em todas as partes, seja em metrópoles como São Paulo ou em pequenos municípios fincados nos rincões do país. Em comum, há duas características antagônicas: a ausência do Estado e um potencial enorme para se desenvolver social e economicamente.

“É esta histórica ausência do Estado nas periferias que tem feito nascer novas estruturas sociais que tentam fazer o papel do Estado, às vezes de maneira perigosa como as milícias no Rio de Janeiro”, apontou o urbanista Nabil Bonduki, durante o debate promovido pelo Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas (NAPP) de Cidades nesta quarta (10).

Nabil, que também é coordenador do NAPP Cidades, sugere que os programas de governo petistas coloquem a população periférica como prioridade, pensando sempre na questão territorial. “Não dá para pensar em políticas públicas que não sejam atreladas questões do território. Cada candidato ou candidata petista precisará adaptar qualquer proposta ao contexto das periferias, incluindo movimentos de organizações locais nas gestões”.

Esta inclusão de representantes das periferias na construção de políticas públicas também foi defendida pela professora Lilia Melo, que há anos vem transformando a vida da população do bairro Terra Firme, em Belém (PA) por meio do projeto Juventude Negra Periférica.

“Nao gosto quando ouço todas as propostas sugeridas venham com um ‘lá na periferia’. É ‘aqui na periferia’. Eu vivo na periferia e trabalho por ela e acredito que este é o caminho. Ter mais representantes das periferias é essencial para que as transformações ocorram de fato”.

Lilia complementou ao dizer que as “periferias não são vulneráveis; são vulnerabilizadas”, apostando numa mudança de perspectiva das candidaturas petistas durante as Eleições Municipais.

Ion de Andrade, que é médico, professor universitário e membro da Rede BrCidades, pondera ao dizer que tais mudanças dependem, antes de tudo, de investimentos em propostas ligadas a questões sociais. “A mudança da realidade nas periferias depende de políticas sociais profundas, como combate à mortalidade infantil e programas de emprego e renda para jovens. Não dá para pensar em avanços em locais onde a miséria e falta de oportunidades ainda estão muito presentes”.

Já a vereadora e urbanista carioca Tainá de Paula preferiu incluir no debate outro fator que considera de extrema urgência: a relação entre periferia e mudanças climáticas. “Levar as questões climáticas para as pautas ligadas à periferia é indispensável nas próximas Eleições. Felizmente, o PT tem se reconectado com a agenda ambiental desde que Lula retornou à Presidência. O próximo passo é pensar em como levar essa agenda para as periferias de cidades sem aporte financeiro e que estão localizadas longe dos grandes centros urbanos do país”.

As ideias apresentadas pelos debatedores serão, num segundo momento, estruturadas para que possam servir de base para a construção de programas de governo. O evento desta quarta fez parte do projeto FPA nas Eleições.

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