Lançado no final de março, evento organizado pela Fundação Perseu Abramo sobre o trágico legado do golpe militar terá, ao todo, cinco mesas temáticas

Em 2 de abril de 1964, o jornal carioca O Globo estampava em seu editorial uma das manchetes mais nefastas da história do jornalismo brasileiro: “Ressurge a Democracia”. Um dia antes, os militares haviam fechado o Congresso Nacional e tomado de assalto a Presidência da República.

A defesa explícita ao golpe feita pela publicação fundada pela família Marinho é o exemplo mais conhecido, mas está longe de ser um caso isolado. Este é justamente um dos pontos que serão debatidos no segundo encontro do ciclo de debates Ditadura Nunca Mais, que acontece no próximo dia 10 de abril, em Salvador (BA).

O lançamento do evento organizado pela Fundação Perseu Abramo ocorreu no final de março, no Rio de Janeiro e ainda deve passar pelos estados do Pará, Pernambuco e Rio Grande do Sul. A edição de Salvador conta com apoio do PT-BA.

“A ditadura deixou como legado uma herança de violência e instituições militares deslocadas do seu papel e de grandes prejuízos de ordem econômica e social. Apontar a tragédia que a ditadura representou e o quanto de atraso ela trouxe ao país é fundamental para a disputa em torno de projeto de sociedade, para a defesa da democracia”, explica Elen Coutinho, diretora da FPA e mediadora do evento.

A edição de Salvador, cujo nome é “Apoio dos meios de Comunicação e Empresariado ao Regime Militar Brasileiro”, terá a participação do jornalista e escritor Emiliano José, do ex-ministro Luiz Dulci, da ex-ministra Matilde Ribeiro, e do deputado estadual Marcelino Galo (PT-BA).

Para Elen, ainda que tenha havido certa mea culpa por parte dos aliados do golpe na imprensa, relembrar essa relação íntima consolidada no período é indispensável para a manutenção da democracia.

“Não é por outra razão que a extrema-direita reivindica a memória do golpe como algo positivo. Reestabelecer a verdade e reafirmar qual lugar das Forças Armadas no país é condição primordial para que a sociedade possa reconhecer um passado/presente autoritário de práticas abusivas e criminosas por parte do Estado e não mais reproduzir esse passado”. 

Promover este espaço, prossegue Elen, “é importante para debatermos o golpe, militarismo, os processos de transição e as fundamentais lutas políticas e populares contra o autoritarismo. Lembrar para não esquecer, para honrar a memória de todas e todos que lutaram pelo fim da ditadura, e para que nunca se repita em nosso país”.

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Próximos debates:

Apoio dos meios de comunicação e empresariado ao regime militar brasileiro

Quando: 10 de abril

Onde: Salvador, Bahia

Autoritarismo e Repressão na Ditadura Militar Brasileira

Quando: 24 de abril

Onde: Belém, Pará

Militares e Política: Golpismo e Entraves à Democracia no Brasil

Quando: 8 de maio

Onde: Olinda, Pernambuco

Crise Econômica, Desenvolvimentismo Conservador, Corrupção e Deterioração da Política: Efeitos Nefastos da Ditadura no Brasil

Quando: 22 de maio

Onde: Porto Alegre, Rio Grande do Sul