Revista fala do novembro negro com participação social e democracia
A edição de novembro da revista Reconexão Periferias propõe uma reflexão sobre os desafios do povo negro em relação à participação social e à retomada das políticas públicas e ações afirmativas, essenciais para o combate ao racismo e à luta por moradia, saúde, educação e o bem-viver nas periferias.
A consultora do projeto Reconexão Periferias Léa Marques pontua em seu artigo que para a maior parte das jovens negras o tempo gasto com as tarefas de trabalho de cuidados não remunerado significa uma imposição de barreiras para o exercício dos seus direitos em outros âmbitos da vida, como os estudos e a formação profissional, bem como a menor inserção nos espaços públicos e coletivos, tais como movimentos sociais, coletivos periféricos e espaços coletivos de atuação política em geral. “Nesse contexto, chama a atenção o fato de cerca de 8,5 milhões de jovens negros e negras não estarem estudando nem trabalhando no Brasil. Desse total, 5,4 milhões são mulheres jovens negras e 3,1 milhões, homens jovens negros.”
No artigo História do movimento Hip Hop: cinquentenário de lutas e desafios, o militante preto do grupo de rap Preconceito Zero Eduardo Tamborero conta a história de um movimento surgido 11 de agosto 1973, nos subúrbios negros e latinos de Nova Iorque, que segue hoje no Brasil resgatando a vida e a auto-estima de milhares de jovens. “No Brasil, o Hip Hop tem protesto, identidade social, luta racial e compromisso com o povo das comunidades.”
A deputada Dandara Tonantzin foi entrevistada para a seção Quando novas personagens entram em cena. Formada em pedagogia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e mestra em educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sua trajetória como ativista social sempre foi ligada à luta em defesa das mulheres, da negritude, do povo que vive nas periferias e da comunidade LGBTQIA+. Relatora da revisão da Lei de Cotas, recentemente sancionada pelo presidente Lula, ela conta detalhes da tramitação do projeto e fala sobre as ações afirmativas necessárias para garantir aos estudantes cotistas a oportunidade de viver a universidade em sua integralidade.
A secretária de Ações Afirmativas do Ministério da Igualdade Racial, Márcia Lima, disse na Entrevista que as leis de cotas sociais e raciais no acesso ao ensino superior e para cargos no serviço público vão garantir um futuro melhor para todo o Brasil, não apenas para a população negra e de baixa renda. “O bom conhecimento vem das diferentes perspectivas e experiências. Eu espero que no futuro próximo a gente tenha pessoas jovens, formadas, com essa preocupação, formadas pela diversidade e que possam dar valor ao quanto a equidade racial pode colocar o Brasil em outro lugar”.
No artigo Chacinas e a Politização das Mortes no Brasil: 2011-2020, os pesquisadores e consultores do projeto Reconexão Periferias Ruan Bernardo e Sofia Toledo falam da pesquisa iniciada em 2018, que teve como um de seus principais produtos um banco de dados com mapeamento de 10 anos de notícias de jornal reportando casos de chacinas no Brasil.
A seção Perfil apresenta a Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas de Rondônia (Coeq-RO), cujo objetivo é fortalecer a luta e unificar as comunidades da região para conquistar o direito ao território. Saúde, educação, igualdade racial, direitos das mulheres e fomento econômico para o desenvolvimento local são os principais focos de atuação do coletivo.
Na seção de Arte, o pintor Wilson Formiga apresenta seus trabalhos. Natural de Goiânia, mora na periferia da cidade. Começou a desenhar por influência do pai e há dois anos vem mostrando em suas pinturas o resgate do cotidiano difícil e bonito de seu povo.