A edição de setembro da revista Reconexão Periferias trata do direito à saúde mental e de como a discriminação de gênero, o racismo, a violência, os longos deslocamentos e trabalhos precarizados vêm adoecendo as periferias. Além disso, o acesso aos serviços e cuidados nessa área continuam elitizados, e o debate sobre o tema enfrenta uma barreira de preconceitos, construída ao longo dos séculos, que perpetua as desigualdades sociais quando se trata desse direito constitucional.

O artigo da consultora do projeto Reconexão Periferias Léa Marques fala dos impactos da precarização do mercado de trabalho sobre a saúde mental dos trabalhadores. “A atual situação da classe trabalhadora no Brasil é, em termos gerais, de intensa precarização, super exploração e baixos rendimentos. Neste cenário, consideramos ainda que as atividades relacionadas ao trabalho têm dimensão central na vida das pessoas. A partir dessas diretrizes, nos propomos a pensar sobre as relações entre saúde mental e condições de trabalho, especificamente dos trabalhadores e trabalhadoras informais”, pontua.

A Entrevista do mês é com a cientista política e pesquisadora Maïra Gabriel, que trabalha há 12 anos na Redes da Maré. A organização, que atua há 20 anos naquele complexo de favelas do Rio de Janeiro, identificou efeitos da exposição à violência armada na saúde mental dos moradores. Intitulada Construindo Pontes, a pesquisa ajuda a consolidar algumas observações feitas no dia a dia. Por exemplo: a violência mais determinante é aquela produzida pela polícia, pela intervenção do Estado.

Em diálogo com o tema da violência nas periferias e a necessidade de construir uma política de Segurança Pública que proteja a vida das populações periféricas, a seção Quando Novas Personagens Entram em Cena ouviu a Tamires Sampaio, uma jovem advogada negra de 29 anos, feminista, hoje assessora especial do Ministério da Justiça, onde coordena o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania.

Em 5 de setembro se comemora o Dia da Amazônia, tema tratado na seção perfil desta edição, que apresenta o Inã – Instituto Nova Amazônia, coletivo que atua há seis anos na cidade de Bragança (PA) com o objetivo de apoiar o desenvolvimento sócio ambiental de comunidades tradicionais da região amazônica. Palavra de origem indígena, Inã significa “pessoa” e reflete a missão de construir uma nova Amazônia pensada a partir de quem lá aqui vive e conhece de perto o modelo de desenvolvimento sustentável necessário. A ONG nasceu da preocupação com a falta de apoio técnico e social para o desenvolvimento sustentável, econômico e igualitário de comunidades tradicionais e em situação de risco, com o intuito de promover e efetivar direitos.

As integrantes do coletivo Utopia Negra Luana Darby Nayrra da Silva Barbosa e Alicia Miranda também tratam de sustentabilidade em seu artigo “O olhar dos coletivos sociais sobre o Diálogos Amazônicos”, evento emblemático que reuniu reuniu líderes dos povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas, pretos e juventudes de periferias urbanas, além de especialistas ambientais, governantes e representantes da sociedade civil e movimento sociais para discutir questões relacionadas à preservação, mudança do clima, proteção aos povos da floresta e desenvolvimento sustentável da Amazônia.

A seção de Arte apresenta o jovem roteirista, cineasta e escritor Vinicius Torres, nascido em Manaus (AM), que produziu o curta-metragem Fanzine Últimas Páginas, em parceria com a diretora Rebeca Libna, e participou também do Festival do Minuto 2023, com Lembranças. Em nova empreitada, se prepara para lançar seu primeiro longa-metragem que conta um pouco da história do artista roraimense macuxi Jaider Esbell.

A edição traz também a artista urbana, ilustradora, arte-educadora e performer Aline Guimarães, de Teresina (PI), mais conhecida por seu nome artístico “Línea”, inspirado nos movimentos possíveis que pode fazer como artista.


A revista Reconexão Periferias traz ainda as seções Programas, Agenda e Oportunidades.


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