Revista fala sobre desigualdades de raça e gênero como maior desafio da juventude
O número de brasileiros de 15 a 29 anos nunca antes foi tão grande no Brasil. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, eram 50 milhões de pessoas em 2020, o equivalente a um quarto da população. O potencial dessa força de trabalho pode representar um futuro promissor para o Brasil se for possível incorporá-la em um projeto voltado a mitigar as desigualdades socioeconômicas que marcam a vida dos brasileiros desde a infância e se dão com base em critérios de gênero, raça e cor que prevalecem há séculos.
É isso que a edição da revista Reconexão Periferias de agosto, quando se comemoram os dias do Estudante e Nacional da Juventude, se propõe a colocar em debate. Em seu artigo, a consultora do projeto Reconexão Periferias Léa Marques afirma: “Desde a juventude podemos notar o abismo existente entre os jovens mais pobres e os de maior renda. Atualmente, cerca de 15% dos jovens de 15 a 29 anos, o que corresponde a 7,6 milhões de pessoas, não frequentam escola, não trabalham e não estão procurando trabalho. Entre as famílias mais pobres, esse percentual sobe para 24%, ou seja, 1 em cada 4 jovens não têm acesso à escola ou ao trabalho. E o principal motivo são os afazeres domésticos e os cuidados de pessoas. Entre os mais ricos, a proporção é de 6%, e a justificativa determinante é o estudo em outros cursos, como os pré-vestibulares.”
Na seção entrevista, o ouvidor das Polícias do Estado de São Paulo, Claudio Aparecido Silva fala sobre os recentes episódios do Guarujá, onde o assassinato de um soldado da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) desencadeou onda de violência policial que já causou 16 mortes de pessoas sem vinculação comprovada ao crime. E ainda das dificuldades que a Ouvidoria tem enfrentado para realizar seu trabalho e também de como imagina que a política de segurança pública pode ser modificada e produzir menos mortes de civis e de policiais.
No perfil apresentamos o coletivo Projeto 42, que desde 2016 atua em Palmas (TO) para levar arte, música e dança por meio de oficinas de hip hop a crianças e jovens. Um dos idealizadores é o produtor cultural Régis Rodrigues, que tem 29 anos e mora na Vila União, localizada na região norte, que é a mais periférica da cidade. Desde que convidou um grupo de amigos para ensinar as crianças na praça, muita coisa mudou. O grupo reúne hoje 20 voluntários, quase todas pessoas negras, e atua com mais de 160 famílias cadastradas e 50 crianças participantes das atividades.
Ele diz que uma das principais dificuldades que enfrenta junto com outros jovens pretos da periferia é que são desacreditados por fazerem um movimento totalmente voluntário e não remunerado. “As pessoas desacreditam no nosso potencial porque pensam que nós, jovens, pretos, periféricos, ainda estamos precisando de ajuda e por isso não temos condição de ajudar os outros. Nós, da cultura hip hop, tentamos mostrar que podemos, sim. Pois em algum momento da vida todo mundo precisa de ajuda para aprender as coisas, e pelo conhecimento que já adquirimos também podemos ensinar”, afirma.
A exposição Arte de Quebrada,que reúne53 obras do artista plástico Tiozão no Shopping metrô Tucuruvi, é o destaque da seção de Arte. O pintor sempre se dedicou a retratar pessoas com importância histórica, em diversos segmentos, na música, na política, na arte. E se tornou conhecido por expor seus trabalhos nas ruas. “Sempre gostei de desenhar, mas nunca foi algo que eu praticasse muito. Mas como fui muito cedo trabalhar na construção civil, acabei tendo contato com a pintura convencional de paredes. Foi lá onde aprendi a mexer com tintas, lendo sobre os materiais”, conta ele.
A Revista também apresenta as seções Programas, agenda e oportunidades.