Revista fala da luta das mulheres negras pela vida por justiça social nas periferias
O 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Afro-Latinoamericana, Afro-Caribenha e da Diáspora, marca a luta das mulheres negras no enfrentamento ao racismo e ao sexismo vividos até hoje. No Brasil, a data também celebra o Dia Nacional de Tereza de Benguela, conhecida como “Rainha Tereza”, que viveu no século XVIII, no Vale do Guaporé (MT), e liderou o Quilombo de Quariterê. Segundo documentos da época, o lugar abrigava mais de 100 pessoas, incluindo indígenas. Sua liderança se destacou com a criação de uma espécie de Parlamento e de um sistema de defesa. Tereza foi morta após ser capturada por soldados.
Na edição de julho, a revista Reconexão Periferias propõe uma reflexão sobre relatos, exemplos e temas importantes na luta antirracista das mulheres em territórios periféricos do Brasil, que foi iniciada há séculos e ainda tem muitos desafios.
O artigo de Emanuele Nascimento e Waneska Viana traz a história do coletivo Filhas do Vento, que desde de 2016 realiza processos formativos com jovens e mulheres negras periféricas. “Ao longo da nossa trajetória pudemos nos fortalecer e também a vários coletivos, grupos e mulheres negras a partir de rodas de diálogo, mesas de debate, cine-debates, oficinas e diversas atividades formativas com temas na perspectiva racial e na incidência política em conselhos deliberativos junto a outras organizações.”
Na Entrevista, a coreógrafa, professora especializada em danças afro-brasileiras e dança inclusiva Elis Trindade fala sobre o desafio de coordenar, Junto com Vitor da Trindade, as atividades do Teatro Popular Solano Trindade, em Embu das Artes. Entre as ações desenvolvidas, o maracatu Nação Cambinda tornou-se a mais conhecida. Mas o espaço também realiza aulas de dança e música que ajudam a recuperar a memória e história dos africanos no Brasil. Nesta entrevista, Elis fala sobre cultura, arte, educação e sobre o poder curativo da dança, que, segundo ela, é uma prática capaz de evitar o adoecimento das pessoas.
A seção Quando novas personagens entram em cena apresenta Talíria Patrone (Psol-RJ), reeleita no ano passado com quase 200 mil votos, a deputada federal mais votada de toda a esquerda do Rio de Janeiro e a pessoa negra mais votada da história do estado. Mãe de dois filhos, ela diz: “Tenho uma responsabilidade nas mãos, que é a de dar continuidade a um projeto que nasce para dar voz aos anseios de muita gente que entende que a política precisa mudar e ter a nossa cara”.
No Perfil, a socióloga, pensadora em dança e gestora cultural Gal Martins, que há 21 anos criou o coletivo de dança Sansacroma, formado exclusivamente por artistas pretos, e há seis anos o grupo Zona Agbara, formado por seis mulheres pretas gordas, que atualmente está em cartaz com o espetáculo Engasgadas, apresenta a Dança da Indignação. Trata-se de uma metodologia de criação que utiliza a indignação no processo artístico que discute como esta é forte: “Decidi, depois de muitos estudos, sistematizar procedimentos de criação em dança, a partir de um olhar decolonial, centrado na potencialidade do território”, diz.
A artista visual, designer e formanda do curso de Artes Plásticas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) Raiana Britto está na seção de Arte com suas ilustrações e colagens, mas também desenvolve peças gráficas, como logotipos, cards, capas para músicas e livros.
A edição também traz as seções Programa, Agenda e Oportunidades.