Ao completar 33 anos, o Foro de São Paulo voltou a ser realizado no Brasil e, assim como da primeira vez, em julho de 1990, reúne partidos e organizações de esquerda da América do Sul em busca de novos rumos e consolidação de políticas progressistas na região. A 26ª edição do Foro, iniciada no dia 29, segue até domingo.

Antes da abertura oficial, que teve a presença do presidente Lula, o Foro sediou um seminário organizado pelas fundações partidárias Perseu Abramo e Maurício Grabois. Em duas mesas de debate, os palestrantes e o público presente – representantes de partidos políticos de países da América do Sul e Caribe, além de convidados de países como o Vietnã e África do Sul – defenderam o princípio de que a união e a cooperação econômica e social entre os países da região são a melhor forma de se defender da ingerência dos países imperialistas e de promover a autonomia política.

“Para nossa integração, será necessário desenvolver projetos articulados entre nós para promover resultados práticos, que tragam melhora de vida para as populações de nossos países”, afirmou Juan Carlos Frometa, do Departamento de Relações Internacionais do Partido Comunista cubano.

Para o economista Pedro Silva Barros, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), um dos principais desafios dos países da região é fortalecer suas economias nacionais, diversificando as atividades e modernizando seus parques industriais. ”Isso passa pela integração regional das cadeias produtivas. É muito difícil uma empresa conseguir vender para a China ou para os Estados Unidos sem antes se internacionalizar, ter a experiência exportadora. Para isso, o caminho é nosso mercado regional”.

A China tem usado de parcerias baseadas, segundo o economista Nilson Araújo de Souza, na chamada integração produtiva, que não se esgota na venda de produtos para outros países, mas em projetos de desenvolvimento. “E boa parte dessas transações ocorre em moeda própria, sem uso do dólar”, disse o professor.

A senadora mexicana Citlalli Hernández Mora, secretária-geral do Morena (Movimento de Renovação Nacional), apontou que será preciso consolidar meios de comunicação capazes de fazer o contraponto ao pensamento dominante, que induz os países a manter dependência com os Estados Unidos. “Temos que combater as matrizes comunicacionais da direita todos os dias”, afirmou.

Nesse sentido, o secretário de Relações Internacionais do partido boliviano, MAS (Movimento ao Socialismo), Sacha Llorenti, lembrou que deixar as relações políticas na região sob controle da OEA (Organização dos Estados Americanos), em sua opinião uma ferramenta estadunidense, é “adotar o roteiro da desintegração. De lá são formulados golpes de estado e a satanização de líderes que buscam a integração regional”. Sacha, a exemplo de outros palestrantes, destacou que o fortalecimento de organismos como a Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), à qual o Brasil retornou este ano, é fundamental.

As mesas de debate foram coordenadas pelo secretário de Relações Internacionais da Fundação Perseu Abramo, Valter Pomar, e pela secretária-executiva do Foro, Mônica Valente.

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