A diretoria e os funcionários da Fundação Perseu Abramo lamentam profundamente a morte de Artur Araújo na manhã desta segunda-feira (12/06). Reconhecido por sua inteligência, sagacidade e senso de humor imbatível, ele se considerava – positivamente – um dinossauro, como muitos de sua geração que se mantiveram nas fileiras da esquerda. Militante do movimento estudantil no final dos anos 1970, passou pela Ação Popular (APML) e pelo PCB, antes de se filiar ao PT. Não chegou a concluir o curso na Escola Politécnica da USP, mas tinha grande interesse nas relações entre Engenharia e desenvolvimento, sua maior especialidade.

Nas palavras de seu amigo Gilberto Maringoni, suas análises de conjuntura tinham a precisão de quem sabia combinar vivência política e profundo conhecimento de Economia e História. “Artur foi um intelectual sem obra escrita ou vida acadêmica. Era um cultor da conversa e da polêmica, com percepções e sacadas sempre inusitadas e dono de irritante realismo. Chamava atenção sempre para aspectos concretos e quase comezinhos da vida política”.

“Suas área de interesse não ficavam por aí. A cultura literária era admirável, vinda de meticulosas leituras dos grandes escritores estadunidenses que saíram do jornalismo no século XX, como Hemingway, Fitzgerald, John dos Passos, John Fante e Steinbeck, sem esquecer os que saltaram das pulp magazines para o panteão da novela policial, como Hammet, Chandler e Spillane. Dos tempos em que era executivo de grandes redes hoteleiras, quando viajava constantemente aos Estados Unidos, desenvolveu meticuloso conhecimento da trajetória dos músicos e compositores do blues, do folk e do jazz. Não bastasse, era cozinheiro mais do que exemplar”.

Ele foi vítima de um infarto grave no final de 2021, do qual restaram sequelas e muitas limitações físicas. O pneumologista que o acompanhou no tratamento do Incor ao longo dos últimos anos e também militante do PT, Ubiratan de Paula Santos, fala dele como uma pessoa brilhante. “Eu o conheci quando trabalhávamos em Santos, há mais de 30 anos. Era um companheiro de luta pela democracia e pelo socialismo dentro do PT. Leitor voraz, sentiremos falta de sua inteligência e cultura geral muito extensa, com capacidade de intervir sobre os mais variados assuntos. Certamente uma perda importante para todos nós”, lamenta.

Araújo foi assessor de David Capistrano Filho (1948-2000) na prefeitura de Santos. No primeiro governo Lula (2003-2007), foi diretor da Embratur, e, mais recentemente, assessorou o Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo. Ele colaborou com diversos projetos da Fundação Perseu Abramo no últimos anos, entre eles o extinto programa de debates Pauta Brasil, o grupo de análise de conjuntura e, mais recentemente, a revista Focus.

Artur Araújo Vive!

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