O incêndio criminoso do Reichstag, no dia 27 de fevereiro de 1933, serviu de desculpa para Adolf Hitler forçar a aprovação da sua Lei de Concessão de Plenos Poderes, implantando a ditadura nazista na Alemanha. Enquanto isso, na imprensa brasileira, muitos ainda saudavam Hitler como um grande estadista e um formidável exemplo para o mundo.

Mas também em fevereiro de 1933, chegou às livrarias brasileiras a primeira edição deste Revolução e Contrarrevolução na Alemanha, uma reunião de textos em que o revolucionário Leon Trotsky, na época exilado na Turquia, analisa com brilhantismo a situação alemã e denuncia a recusa do partido comunista alemão em se unir aos socialistas em uma frente para combater o fascismo. O livro foi organizado pelo jornalista e militante trotskista Mario Pedrosa, que anos depois se tornaria o primeiro filiado do Partido dos Trabalhadores. Pedrosa voltara recentemente da Alemanha e havia acompanhado de perto a ascensão do nazismo. Ele era, até então, uma voz quase solitária na imprensa brasileira a alertar contra a onda fascista.

Revolução e Contrarrevolução na Alemanha tem lançamento em SP

O livro teve grande repercussão. Mas seu principal impacto foi entre os militantes da esquerda revolucionária da época, mesmo os não trotskistas. Foi em muito inspirado por este livro que surgiu a Frente Única Antifascista, que, reunindo militantes de diversas correntes, empreendeu no ano seguinte a Batalha da Praça da Sé, na qual anarquistas, trotskistas, integrantes do PC, socialistas e exilados europeus enfrentaram os integralistas com armas na mão. Várias pessoas foram mortas e houve muitos feridos, entre eles o próprio Mario Pedrosa, que levou um tiro. O episódio ficou conhecido como a Revoada das Galinhas Verdes, porque os fascistas brasileiros, que usavam camisas verdes, tiveram que fugir completamente humilhados.

Este livro é ao mesmo tempo uma grande análise do fascismo e dos meios de combatê-lo, e um documento histórico, enriquecido agora com uma nova introdução, textos complementares, notas e uma revisão da tradução realizados pelo historiador Dainis Karepovs. Uma obra que continuará atualíssima, enquanto o fascismo teimar em existir.

Uma parceria da Veneta com a Fundação Perseu Abramo.