No dia 20 de abril, o projeto Reconexão Periferias, da Fundação Perseu Abramo, reuniu sua equipe para discutir sobre sua produção e temas de interesse do projeto com Laís Abramo e Guilherme Simões. De acordo com Artur Henrique, diretor da Fundação responsável pelo projeto, “foi uma reunião essencial para a aprofundamento de discussões relacionadas às realidades das periferias”.

No encontro foram apresentados o eixo de cultura e as atividades do mapeamento de movimentos sociais, territorialização, publicações de pesquisas da área, o desenvolvimento de pesquisas sobre trabalho, cultura política e violência.

Foi também feita apresentação da revista Reconexão Periferias, que publica mensalmente as discussões do projeto e dos movimentos sociais, e dos eixos de trabalho, que tem como objetivo principal compreender a perspectiva do trabalho informal no Brasil, e de violência, que faz uma análise com intersecção entre gênero, raça e idade.

Laís Abramo assumiu no Ministério do Desenvolvimento, Assistência Social, Família e Combate à Fome a tarefa de comandar a secretária de Cuidados e Família. Laís é doutora em Sociologia, foi diretora do escritório da Organização Internacional do Trabalho no Brasil e da divisão de Desenvolvimento Social da Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe).

Simões e Abramo durante reunião com Projeto Reconexão Periferias

Para ela, é importante “organizar uma conversa com o conselho do Reconexão Periferias para apresentar a proposta que está sendo trabalhada pela secretaria no governo federal. O objetivo é avançar com uma política de cuidados no país junto com o Ministério das Mulheres. Foi criado um grupo intersetorial coordenado pelo MDS e o Ministério das Mulheres, e do qual o Ministério das Cidades, ao qual está ligada a Secretaria comandada pelo Guilherme Simões também faz parte. A ideia é que sejam criadas ou fortalecidas políticas públicas para garantir os cuidados necessários para crianças, adolescentes, jovens, pessoas idosas e com deficiência, e também promover o trabalho decente para as trabalhadoras e trabalhadores do cuidado. Pretendemos discutir a perspectiva racial e territorial também nessa agenda. No caso da América Latina, já existem agendas para trabalhar com o tema com foco em gênero, mas esse debate deve considerar também raça e classe. As periferias são a condensação dessas desigualdades, principalmente pensando os jovens negros e negras no Brasil, que ao mesmo tempo são provedores de cuidados e pessoas que necessitam cuidados. A grande maioria (72%) dos jovens equivocadamente caracterizados como ‘nem-nem’ no Brasil são na verdade jovens mulheres que trabalham, e muito, exatamente no cuidado não remunerado. Caracterizá-las como ‘nem-nem’ invisibiliza essa realidade”.

Esse grupo irá começar os trabalhos em maio e o objetivo será discutir com pessoas que são representantes de movimentos sociais e civis e iniciar um mapeamento das políticas que existem e o que precisa ser criado e integrado.

Guilherme Simões Pereira, primeiro titular da Secretaria Nacional de Políticas para Territórios Periféricos, recém-criada no Ministério das Cidades, elogiou os acúmulos realizados pelo projeto Reconexão Periferias: “as análises que vocês vêm fazendo mostram que existe muita ausência, mas que existe muita potência também, porque a potência existe na ausência”. E relembrou que “nós, pessoas periféricas, temos muita pressa, mas a dificuldade atual é ter que recriar programas que foram destruídos nos últimos quatro anos. As recentes discussões nos dão esperança para tornarmos políticas públicas em projetos efetivos. Ou seja, é um reencontro entre a ciência e a política. Mas também precisamos repensar a pauta que é discutida sobre reconstruir o país, porque, atualmente, temos uma oposição fascista em meio a convergência de vários movimentos sociais que têm conseguido abrir mão das diferenças para atuar na reconstrução do Brasil”.

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