Mais de duzentos micro e pequenos empresários se reuniram a convite da Fundação Perseu Abramo para discutir a dura realidade que eles vêm enfrentando durante o governo de Jair Bolsonaro. Os empreendedores apresentaram suas reivindicações para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para Geraldo Alckmin e para o presidente da Fundação Perseu Abramo e coordenador do programa de governo da chapa Lula-Alckmin, Aloizio Mercadante, que estava acompanhado do coordenador do Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas (NAPP) Micro e Pequenas Empresas. Os ex-presidentes do Sebrae, Luiz Barreto Filho e Paulo Okamotto, também participaram.

O encontro realizado nesta quarta-feira, 17, teve momentos de emoção e também de duras críticas às políticas do atual governo. Um empresário do ramo de sorvetes criticou o descontrole da inflação, a alta dos preços pode inviabilizar negócios como o dele, criticou. A falta de apoio do atual governo federal foi mencionada por todos que falaram. A proprietária de um restaurante disse que durante a pandemia, o governo permitiu que os estabelecimentos concedessem férias aos funcionários, mas sem qualquer remuneração. O resultado das medidas tomadas por Jair Bolsonaro é a inadimplência de grande parte dos micro e pequenos negócios.

A falta de amparo teve um enorme impacto: “um milhão de micro e pequenas empresas fecharam durante o governo Bolsonaro”, afirmou o economista Paulo Feldman. Já um ex-diretor do Banco do Brasil apontou que os juros de 20% praticados atualmente pelos bancos públicos inviabiliza completamente que esses negócios possam tomar empréstimos e tentar fazer investimentos.

Tanto os empreendedores que discursaram quanto os técnicos lembraram do tanto que foi feito durante os governos do Partido dos Trabalhadores em prol dos micro e pequenos negócios. Até a chegada de Lula à presidência não existia o Simples Nacional, assim como não existiam linhas de microcrédito ou o cartão BNDES. Apesar de todos os feitos, a avaliação é de que uma grande trabalho de reconstrução terá que ser feito porque grande parte dessas políticas vem sendo desmontada desde o golpe de 2016. O trabalho do NAPP Micro e Pequenas Empresas é, justamente, formular políticas públicas que possibilitem o fortalecimento de todos esses empresários que são fundamentais para a economia.

Diante de tantos problemas, um empreendedor que trabalha no ramo de alimentação em favelas fez uma fala emocionada. Ele foi às lágrimas quando falou sobre a dor causada “por ver um irmão passando fome”. Ele ainda contou que presenciou “um garoto ser agredido por policiais porque estava pedindo comida”. O jovem empreendedor pediu mudança e com urgência. Não apenas ele, mas muitas das pessoas que assistiam também se emocionaram com o depoimento.

As contribuições feitas através dos relatos dos empresários e também com as ideias que surgiram no encontro vão ser levadas em conta pela coordenação do programa de governo para a elaboração do texto com as propostas da aliança Brasil da Esperança (PT, PSB, PCdoB, PV, PSOL, Rede, Solidariedade, Avante, Agir e PROS).

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