Nesta segunda-feira, dia 13 de junho, o programa Pauta Brasil debateu os resultados da última Cúpula das Américas, a reunião de cúpula entre os chefes de Estado do continente americano criada pela Organização dos Estados Americanos com o objetivo de alcançar um nível maior de cooperação entre os países da zona econômica americana.

Os EUA foram os organizadores desta edição da Cúpula das Américas. O governo Biden classificou a cúpula como uma oportunidade para os EUA reafirmarem seu compromisso com a América Latina após anos de negligência comparativa sob seu antecessor republicano, Donald Trump.

Para avaliar a presença do Brasil na reunião e seus desdobramentos, Pauta Brasil recebeu Giorgio Romano, Mariana Kalil e Lívia Milani, com mediação de Geraldo Magela, diretor da Fundação Perseu Abramo.

Lívia Mileto é doutora e mestre em Relações Internacionais pelo Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas, onde atualmente realiza pesquisa de Pós-Doutorado e é autora do livro “Argentina e o Brasil Frente aos Estados Unidos (2003 – 2015): entre a Autonomia e a Subordinação.

Ela avaliou o momento da realização da Cúpula e os interesses hegemônicos de Joe Binden, uma vez que essa foi a primeira realiza. A ausência de Cuba, Nicarágua e Venezuela, por exemplo, causou indignação”. O espaço inclusivo que seria a Cúpula foi prejudicado. “Se percebe que os Estados Unidos tem legitimidade para decidir o que é democracia nas Américas” e também comentou o plano Parceria para as Américas, que seriam propostas do ponto de vista econômico: “não há grandes novidades, reproduz os desencontros”, falou.

Giorgio Romano é professor associado na Universidade Federal do ABC (UFABC) em Relações Internacionais e Economia. Ocupou cargos na administração pública federal e municipal. Tem experiência na área de Economia Política Internacional, Geopolítica da Energia, China, Política Externa Brasileira e Economia Brasileira Contemporânea. Membro-fundador da Rede Brasileira de Estudos da China (RBChina) e do Observatório da Política Externa e da Inserção Internacional do Brasil (OPEB).

Romano acredita que a Cúpula foi um fracasso. “A Cúpula começou sem lista de confirmados. Para os Estados Unidos, com seu slogan “A América está de volta”, acreditam que era preciso mudar a relação com os parceiros para enfrentar seus desafios, que é a ascensão chinesa”. Eles estão perdendo sua hegemonia e tem um país os desafiando, a China. Para o professor, “perdem credibilidade, apesar da presença constante. Estão preocupados com o processo eleitoral local. Mostra as grandes dificuldades de serem hegemônicos”.

Mariana Kalil é mestra e doutora em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília. Professora Colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política (PPGCP) da Universidade Federal Fluminense (UFF). Professora de Geopolítica da Escola Superior de Guerra (ESG), onde coordena o Programa de Pós-Graduação em Segurança Internacional e Defesa (PPGSID). Foi Vice-Diretora para o Sul Global da International Studies Association (ISA).

Kalil avalia que sentiu falta do “Brasil ativo e altivo, com projetos de desenvolvimento de tecnologia social que poderiam ser exportados e fixar aquelas pessoas que os Estados Unidos não querem em seu território. Isso não foi feito, não houve interesse do presidente ou do Itamaraty”, disse.

Somos um país de pouca potência, com pouca presença nos debates que poderiam ser importantes. Mariana acredita que a reversão do quadro atual requer que o país volte a respeitar a Constituição Federal.

Temas como a rejeição de Bolsonaro e a inexpressiva presença do país, os interesses dos Estados Unidos com relação ao meio ambiente e democracia, as ações das instituições internacionais, novas relações internacionais estiveram no debate. Assista a íntegra do Pauta Brasil aqui .

Pauta Brasil recebe especialistas, lideranças políticas e gestores públicos para discutir os grandes temas da conjuntura política brasileira. Os debates são realizados nas segundas e sextas-feiras, sempre às 17h, e serão transmitidos ao vivo pelo canal da Fundação Perseu Abramo no YouTube, sua página no Facebook e perfil no Twitter, além de um pool de imprensa formado por DCM TV, Revista Fórum, TV 247 e redes sociais do Partido dos Trabalhadores.

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