Edição desta sexta-feira do Pauta Brasil discutiu as desigualdades estruturais no mundo do trabalho. Este programa foi organizado pelo Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas (Napp) Trabalho da Fundação Perseu Abramo e teve mediação de Laís Abramo, dos Napps Trabalho e Desenvolvimento Social, que elencou questões como direito à educação e a centralidade do trabalho, “mas vemos como o trabalho é central na vida das pessoas e não dá para entender a estrutura da dinâmica do trabalho sem considerar as desigualdades de raça, classe, gênero, território. Não são notas de rodapé”, disse.

Marcia Vasconcelos é especialista em Gênero e Trabalho, sócia-Fundadora da Cuidemos – Consultoria e Treinamentos e apresentou vários dados que comprovam as desigualdades estruturais vividas pelas mulheres e entre elas, pelas negras. “Para termos noção da magnitude desta transferência, segundo a Oxfam, mulheres e meninas dedicam 12 milhões de horas de trabalho não remunerado ao ano, gerando lucros para o mercado”, falou. Não tem como avançar sem abordar o trabalho não remunerado e esse modelo hegemônico que coloca sobre as mulheres a responsabilidade deste trabalho”, falou, lembrando que isso ocorre sempre que há pouca presença do Estado: “temos que olhar o cuidado a partir da perspectiva de um arranjo mais equilibrado, com novos pactos e políticas de cuidado como centro da agenda”, defendeu.

Daniel Freitas abordou o tema do programa a partir do ponto de vista dos jovens. Estudante de História na USP, membro do NAPP Juventude e Fundador do Cursinho Popular Marisa Letícia, ele falou sobre os números de desocupação de jovens, “mesmo nos momentos de melhoria econômica a taxa dos jovens é maior do que a população adulta. A gente precisa debater também a qualidade do emprego juvenil”, lembrando os altos números de jovens negros trabalhando como motoristas de aplicativo, por exemplo, e as dificuldades para jovens mulheres e LGBTQIA+. “É preciso avançar nos direitos dos trabalhadores informais, manter a luta pelo direito a cotas nas universidades”, disse Daniel como exemplos de tarefas futuras.

Cida Bento é doutora em Psicologia Social, co-fundadora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades. Ela acredita que este é um dos maiores desafios que temos a enfrentar, “principalmente a partir da destruição de tantos direitos no mercado de trabalho nos últimos anos”. Defendeu que é necessário reafirmar as antigas lutas que geraram conquistas no âmbito das políticas públicas, “impulsionadas pelas lutas dos movimentos de mulheres e negros. Me parece central recuperar o papel do Ministério do Trabalho e recuperar os espaços de negociação por meio dos sindicatos. Temos que mudar os rumos do país”.

Políticas de cuidado, ações afirmativas que garantam direito das mulheres, negros e jovens estudantes, questões ambientais, de gênero e raça, ampliação da participação política e sindical, qualificação, informalidade e os desafios do desemprego estiveram no debate de hoje. Assista a íntegra do Pauta Brasil aqui.

Pauta Brasil recebe especialistas, lideranças políticas e gestores públicos para discutir os grandes temas da conjuntura política brasileira. Os debates são realizados nas segundas e sextas-feiras, sempre às 17h, e serão transmitidos ao vivo pelo canal da Fundação Perseu Abramo no YouTube, sua página no Facebook e perfil no Twitter, além de um pool de imprensa formado por DCM TV, Revista Fórum, TV 247 e redes sociais do Partido dos Trabalhadores.

Pauta Brasil debate as desigualdades no mundo do trabalho