Nos dias 29 e 30 de março, o Grupo de Puebla e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) realizam Encontro Internacional Democracia e Liberdade: para um novo modelo solidário de desenvolvimento. O evento é transmitido ao vivo pelo canal da Uerj no YouTube.

Na abertura do encontro do Grupo de Puebla, reunido no auditório da UERJ, nesta terça-feira, 29 de março, a mesa contou com a participação do presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante, e foi conduzida pelo reitor da Universidade, Ricardo Lodi Ribeiro, que anunciou “que depois de todas dificuldades que passamos nos últimos tempos, é grande alegria de receber o Grupo de Puebla”, seus debates e os participantes.

O evento irá discutir ciência, igualdade, direitos humanos e democracia. As íntegras das mesas poderão ser assistidas aqui.

Em sua saudação, Aloizio Mercadante relatou os processos difíceis da conjuntura política da região e as dificuldades que as forças de direita impuseram à integração da América Latina. “Temos valores comuns: a democracia é a principal”, disse.

Mercadante ainda elencou as lutas para superar e as críticas que unificam: “somos críticos ao neoliberalismo e vamos apresentar aqui o desenho para reconstruir a América Latina e de uma sociedade mais generosa, com economia verde e criativa”. Assista a íntegra da abertura aqui.

O primeiro Painel, Um novo modelo de desenvolvimento solidário, teve palestras de Ernesto Samper, ex-presidente da Colômbia, e Dilma Rousseff, ex-presidenta do Brasil, e mediação de Carol Proner, coordenadora do CLAJUD/Grupo de Puebla, Brasil.

Carol Proner mediou a mesa elencando os vários exemplos de golpes, ataques à democracia e à vontade do povo, lawfare e judicialização da política. “Temos casos em alguns países, como foi no Chile, Paraguai, Bolívia e Brasil, como foi o golpe fraudulento contra Dilma Rousseff”, falou.

Não foi esquecido que dias atrás Dilma Rousseff foi inocentada das pedaladas fiscais que não cometeu, “uma das primeiras vítimas do lawfare aqui no país, antes mesmo do que fizeram com Lula”, alertou Carol Proner.

O ex-presidente da Colômbia defende que não basta eleição, “se ela não resolver a vida concreta do povo, a democracia e a igualdade”. Samper falou sobre desigualdade e democracia e que as eleições sejam de projetos, “de um modelo solidário de desenvolvimento, com orgulho de sermos latinoamericanos”.

Dilma Rousseff abriu sua palestra agradecendo ao reitor Lodi, um dos advogados da defesa da ex-presidenta, inocentada da acusação de pedalada fiscal, comprovando a farsa do golpe que sofreu.

“Na América Latina viemos de um processo histórico com avanço do neoliberalismo e recuo dos movimentos sociais”, relatou Dilma, que também fez um panorama do desenvolvimento na região: “só se faz política social começando pelos mais pobres”.

“Somos pretos, pardos, caboclos”, mas não deixou de afirmar que a pobreza foi sempre feminina, e “trabalhamos até tirar o país do Mapa da Fome da ONU”. E relatou exemplos com relação ao preço dos combustíveis, desigualdade tecnológica e de tributos. “Não vamos permitir que nosso continente seja só importador de tecnologia”, disse.

As novas guerras híbridas e as sanções aplicadas hoje vão implicar em grandes prejuízos para o futuro, “mas o modelo solidário dá a base para mudar isso tudo, que o povo latinoamericano tenha outra condição de vida. Não podemos aceitar a fome e a falta de investimento no ensino”. A volta de encontros presenciais, os novos movimentos políticos da América Latina, políticas sociais, e o reconhecimento do país na questão ambiental também fizeram parte da fala de Dilma.

A programação completa pode ser acompanhada aqui

O Painel 2 foi Igualdade e democracia nos governos progressistas, com Marco Enríquez-Ominami, coordenador do Grupo de Puebla, Chile, e Nilma Gomes, ex-ministra da igualdade racial do governo Dilma Rousseff, Mónica Xavier, Ex-senadora, Uruguai, e mediação de Cláudia Gonçalves, pró-Reitora de Extensão e Cultura UERJ.

O Painel 3, Desafios sociais da integração latino-americana, teve as participações de Celso Amorim, ex-ministro das relações exteriores do Brasil, Guillaume Long, ex-ministro das Relações Exteriores do Equador, e Aida Garcia Naranjo, ex-ministra da Mulher e Desenvolvimento Social, Peru.

Grupo de Puebla e a reconstrução da América Latina

O Painel 2 foi sobre Igualdade e democracia nos governos progressistas, com Marco Enríquez-Ominami, coordenador do Grupo de Puebla, Chile, Nilma Gomes, ex-ministra da igualdade racial do governo Dilma Rousseff, e Mónica Xavier, ex-senadora do Uruguai, e mediação de Cláudia Gonçalves, pró-Reitora de Extensão e Cultura UERJ.

A professora Nilma Gomes falou sobre tensões e desigualdades: “elas estão incrustadas nas sociedades latinoamericanas mesmo nos governos de orientação progressista”, e também falou sobre os golpes que interromperam ações que visavam problematizar essas questões. “No Brasil, a questão racial está no centro. Os governos progressistas têm que enfrentar as desigualdades e o racismo. A democracia radical será aquela que combata todo preconceito”, falou.

A partir do ponto de vista de três países (Chile, Uruguai e Brasil) o Painel abordou temas como acesso à informação, importância da educação, os retrocessos que acontecem no mundo todo e o crescimento da pobreza e da desigualdade, assim como exemplos de políticas públicas eficientes e a ação dos movimentos sociais também foram discutidos no Painel 2.

O Painel 3, Desafios sociais da integração latino-americana, teve as participações de Celso Amorim, ex-ministro das relações exteriores do Brasil, Guillaume Long, ex-ministro das Relações Exteriores do Equador, e Aida Garcia Naranjo, ex-ministra da Mulher e Desenvolvimento Social, Peru.

O tema da integração é vastíssimo, defendeu Celso Amorim. Para ele, “a integração regional tem que melhorar a vida das pessoas e vencer as enormes desigualdades, de gênero e racial. Sou otimista, mas o mundo está mudando de maneira muito rápida”.

Proteção de recursos naturais, o período de convulsão no mundo, doutrinas de defesa e de inteligência, a integração regional e o Mercosul foram discutidos no último painel desta terça-feira.

A programação completa pode ser acompanhada aqui