As conquistas do 8 de março, dia de luta das mulheres, foram o centro do Pauta Brasil desta quarta-feira. Com mediação de Eleonora Menicucci, Vilma Reis, Anne Moura e Nalu Faria abordaram vários aspectos desta data muito importante para o movimento de mulheres.

Nalu Faria, da Sempreviva Organização Feminista e Marcha Mundial das Mulheres, fez um relato sobre o histórico da luta das mulheres e as novas descobertas de historiadoras sobre como surgiu o 8 de março, a influência das mulheres socialistas e sufragistas. “Hoje a gente continua precisando recuperar a história do 8 de março porque faz parte do processo de construção coletiva do movimento de mulheres”, falou.

Ela também falou das pautas que seguem colocadas para as mulheres, como as disputas políticas, as lutas pelo direito de decidir, autonomia dos nossos corpos e colocar a vida no centro, com debate de sustentabilidade e independência econômica. “Precisamos de um Estado que seja democrático e pautado pela construção do comum e capacidade de ouvir e repensar várias as dimensões do viver. O feminismo traz de maneira muito forte um conjunto de políticas que precisamos. Pensar a cultura patriarcal e racista, a produção e reprodução, o afeto”, disse.

Anne Moura, secretária nacional de mulheres do PT, lembrou que a luta não começou hoje e que sem as “nossas ancestrais não estaríamos aqui”. Ela falou sobre as preparações dos atos do 8 de março, a unidade das mulheres e a representatividade destes momentos, com perspectivas colocadas para mulheres negras e indígenas, as periféricas.

“Esse ano foi mais forte sair para as ruas contra o machismo, o racismo e a fome, porque as mulheres estão passando fome hoje, muito mais do que antes. Atinge em especial as mulheres, chefes de família, a realidade cruel que vivemos. E o feminismo tem que dialogar com isso”, disse.

Vilma Reis é socióloga, feminista, mestra em Ciências Sociais, doutoranda em Estudos Étnicos Africanos no PosAfro-FFCH-UFBA. Co-fundadora da Coletiva Mahin Organização de Mulheres Negras para os Direitos Humanos, e, através da Coletiva Mahin constrói a Coalizão Negra por Direitos. Ela iniciou falando sobre solidariedade entre as mulheres, vivendo conflitos armados ou vítimas da violência ocorrida na Gamboa, em Salvador. “Nossa solidariedade às mães enlutadas. Precisamos falar sobre as muitas chacinas que sofrem jovens negros e indígenas”.

Vilma falou sobre o drama do aborto no mundo, as perseguições que vivem as mulheres e os profissionais de saúde. “Já tivemos que ocupar um hospital para garantir o aborto de uma criança de dez anos grávida em decorrência de estupros recorrentes dentro de casa. Não tivemos trégua”, relatou, também relembrando “que quando Dilma Rousseff apresentou um grande plano de infraestrutura que incluía a construção de quatro mil creches foi o primeiro ataque dos fundamentalistas contra seu governo”.

“A agenda do 8 de março é necessária e conectada com muitas pautas. Precisamos colocar as mulheres no Orçamento Público e incluir as mulheres inclusive nas organizações de esquerda. Precisamos ocupar a representação, mudar a fotografia do poder e a mesa de decisões”, disse Vilma Reis.

O golpe machista e misógino contra Dilma Rousseff, violência política de gênero e eleições 2022, ausência de mulheres nos espaços de decisão, diversidade entre as mulheres, Bolsonaro nunca mais, organização das mulheres e movimentos sociais, eleições e as pautas das mulheres estiveram no Pauta Brasil hoje. Assista a íntegra do Pauta Brasil aqui

 

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