O Pauta Brasil, dessa sexta-feira, 21 de janeiro, debateu os desafios do meio ambiente para 2022. Com a participação de Macio Santilli, sócio-fundador e integrante do Instituto Socioambiental (ISA), e de Roberta Del Giudice, mestre em Desenvolvimento Sustentável pela UnB e secretária executiva do Observatório do Código Florestal desde 2017. A mediação ficou a cargo do deputado federal Nilto Tatto, membro do Napp Meio Ambiente da Fundação Perseu Abramo.

Tatto abre a discussão apresentando o quadro de desmonte do sistema ambiental do país, com aumento de desmatamento, violência no campo e da concentração de renda, paralisação de demarcação de terras indígenas, territórios quilombolas e reforma agrária. Lembra também da atuação do Congresso que vem adequando a legislação ao projeto comandado por Bolsonaro.

Para o ambientalista Marcio Santilli, não podemos subestimar o tamanho do desafio que este ano nos reserva. Último ano de um governo predatório. “Temos três anos de pesado retrocesso, em que as frentes predatórias que atuam nas diversas regiões do país se expandiram. Para dar um exemplo, os garimpos predatórios que invadem as terras indígenas da Amazônia cresceram mais de 300% nesse período em relação ao acumulado histórico anterior”, segundo ele.  Na opinião de Santilli, “essas forças predatórias diante da perspectiva de fim do governo vão aproveitar este ano para avançar o quanto puderem e criar situações de fato consumado”. Para o expositor, o esforço de resistência deverá ser dobrado e necessária muita capacidade de articulação e denúncia.

Roberta Del Giuduce soma ao quadro apresentado o aumento de desmatamento na Amazônia – aumento de 29% só no último ano –, 25% de aumento de conflito de campo no último ano, falta de transparência… “E, de outro lado, a sociedade desconhece a legislação florestal (74%), mas 93% da população consultada afirma que proteger a Amazônia é essencial para barrar mudanças climáticas”, mencionando dados de pesquisa recente. Para a ambientalista, o desafio de 2022 é segurar a “boiada”, “barrar as propostas absurdas que vêm sendo encaminhadas na Câmara dos Deputados. E conscientizar a população que vai votar, tem interesse na proteção, mas desconhece como são tratadas as normas ambientais no Congresso Nacional”. Segundo ela, é preciso conectar a norma com a realidade, como baixa produtividade com estiagem nas comunidades e no agronegócio e depois as chuvas que inundaram Bahia, Minas Gerais…

“A opção política feita pela população se pautará por questões emergenciais, fome, emprego, na urgência de tirar o país do buraco”, complementa Santilli. Sendo assim o desafio para as organizações ambientalistas “é associar a perspectiva do desenvolvimento socioambiental do Brasil à superação da miséria e da crise. Esse será um campo de disputa política neste ano”, conclui.

“A fome é um ponto crucial”, enfatiza Roberta. Para ela o combate à fome é resolvido com política pública: “Temos informações sobre floresta, temos o cadastro rural e precisamos saber onde estão todos os manejos comunitários, os ribeirinhos.” Para a ambientalista, é preciso construir uma “política de investimentos em várias áreas, cruzando necessidade de infraestrutura, imposto incidente, um grande plano de desenvolvimento de agricultura para combate à fome”.     

Assista a íntegra do programa.

Pauta Brasil recebe especialistas, lideranças políticas e gestores públicos para discutir os grandes temas da conjuntura política brasileira. Os debates são realizado nas segundas, quartas e sextas-feiras, sempre às 17h, e serão transmitidos ao vivo pelo canal da Fundação Perseu Abramo no YouTube, sua página no Facebook e perfil no Twitter, além de um pool de imprensa formado por DCM TV, Revista Fórum, TV 247 e redes sociais do Partido dos Trabalhadores.

O novo programa substitui o Observa Br, programa que era exibido nas quartas e sextas-feiras, às 21h. Clique aqui e acesse a lista de reprodução com os 66 programas.

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