Pauta Brasil: relações Brasil-África e processos emancipatórios
As relações entre os dois continentes precisaram ser melhor estudadas, apesar de todos avanços neste sentido durantes os governos do PT, por exemplo, quando o ensino da história da África passou a ser obrigatória no ensino básico. No mês da Consciência Negra é importante pautar o debate do que foi e o que poderiam as relações, as agendas, as superações e reparações.
O programa Pauta Brasil desta quarta-feira, 17 de novembro, discutiu as relações entre nosso país e a África, além do racismo estrutural vivido por aqui. Com participações de Acácio Almeida e Maria Inês da Silva Barbosa e mediação de Martvs das Chagas, secretário nacional de combate ao racismo do PT.
Maria Inês da Silva Barbosa é assistente social, mestre em Serviço Social, doutora em Saúde Pública e ativista dos movimentos social e negro. Ela fez um apanhado sobre o contexto nacional da negação da ciência e a superação da pandemia.
Falou sobre os desafios para o tema e a necessidade histórica de reparação. “É preciso ir ao diálogo a partir da Conferência de Durban”, disse. Ela também defendeu é preciso conhecer mais o continente africano, “entender a geopolítica e os processos, assim como análise crítica de nossas falhas, inclusive. Mas temos muito a aprender com os avanços”.
Para ela, é preciso enaltecer o que foram os acertos, “mas o tema é complexo e precisa ser tratado complexamente. Só com um novo projeto político, que envolva parcerias e formação, para negros e brancos, vamos romper com vários aspectos do racismo, não aceitar relações de poder que não são processos de reparação, é preciso romper com muita coisa e radicalizar”, disse.
Acácio Almeida é professor da área de África Contemporânea do Curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC. Ele considera importante a Fundação Perseu Abramo colocar a África no centro do debate
“A agenda precisa deixar de ser só cultural e precisamos reafirmar os contornos diferentes dados pelos governos Lula e Dilma. Já sabemos que somos a maior nação negra, agora precisamos de uma agenda política. É preciso que a gente saia das relações pendulares para construir relações duradoras”, falou.
O professor falou sobre aspectos relacionados à cultura e produção editorial, por exemplo, citando casos de escritores premiados africanos nunca publicados no Brasil e a importância das leis que obrigam o ensino de história da África.
Defendeu a necessidade de reafirmar “a importância ancestral da África e as perspectivas das lutas. O que está em disputa é uma proposta civilizatória e não podemos perder esta batalha. As relações com o continente precisam ser no sentido de incluir e não como solução para problemas do Ocidente”, defendeu.
As mazelas da formação do capitalismo no país e as consequências para a população negra, as perspectivas, a situação da população negra no continente africano, dificuldades em temas como seguridade social, educação e vacinação fizeram parte do debate.
Assista a íntegra do Pauta Brasil aqui.
Sobre o Pauta Brasil
Pauta Brasil recebe especialistas, lideranças políticas e gestores públicos para discutir os grandes temas da conjuntura política brasileira. Os debates são realizado nas segundas, quartas e sextas-feiras, sempre às 17h, e serão transmitidos ao vivo pelo canal da Fundação Perseu Abramo no YouTube, sua página no Facebook e perfil no Twitter, além de um pool de imprensa formado por DCM TV, Revista Fórum, TV 247 e redes sociais do Partido dos Trabalhadores.
O novo programa substitui o Observa Br, programa que era exibido nas quartas e sextas-feiras, às 21h. Clique aqui e acesse a lista de reprodução com os 66 programas.