Pauta Brasil: é preciso incluir a ‘quebrada’ na construção do futuro
Nesta quarta-feira, 20 de outubro, o programa Pauta Brasil recebeu representantes das juventudes para abordar a vivência e as dificuldades nas periferias brasileiras. Com mediação da diretora da Fundação Perseu Abramo, Jessica Italoema, Danilo Pássaro, Dara Sant’Anna e Nádia Garcia foram os participantes do debate.
Dara Sant’Anna é coordenadora nacional do Coletivo de Nacional de Juventude Negra Enegrecer, ela é a primeira de sua família a cursar uma universidade federal. Abordou os vários aspectos colocados para as “juventudes periféricas e como fazê-las alçar voos”. Dara relacionou as dificuldades de acesso ao ensino durante a pandemia e “que sem novas perspectivas não adianta pedir para eles voltarem para uma sala de aula que não nos cabe mais”, disse.
A crise econômica, a articulação territorial durante a pandemia, o preço das passagens e as dificuldades para articulação cultural também foram comentados por Dara, que defende que será por meio das ações periféricas que poderemos acompanhar “quais são os problemas e demandas das regiões. Nossos territórios devem ser polos culturais. Temos que sonhar com a revolução. A juventude está se virando e construindo soluções”, disse.
Danilo Pássaro é filho de nordestinos, cria da Brasilândia, motorista de aplicativo e graduando em História na USP. Coordenador Nacional do Movimento Somos Democracia, liderou as manifestações que uniram torcedores de diferentes times de futebol para lutar pela democracia, contra o fascismo e contra o racismo.
“Sou um militante antifascista, eu acredito na luta contra as opressões. Estou nas quebradas ouvindo essas juventudes, temos que ouvir mais. Não podemos querer que pensem como nós. Nossa luta é na carne, pela vida”, falou. Pássaro também defendeu presença da esquerda mais cotidianamente nas periferias, “onde a desigualdade e a fome voltaram a assolar nosso povo. Foi a juventude periférica que organizou ações de solidariedade para matar a fome nas quebradas”, lamentou.
“Todo jovem gosta de poder mostrar ‘uns panos’, cortar cabelo, usar perfume, cheia de auto estima”, comentou Pássaro ao comentar sobre preconceito de classe e as frustrações dos jovens periféricos. “A situação da juventude hoje é de uma massa desempregada. A gente precisa ter fé naquilo que nem estamos vendo”, lamentou.
Nádia Garcia é coordenadora nacional LGBT e de Combate ao Racismo da Juventude do PT e Coordenadora Nacional do Coletivo Para Todas. Ela apontou a violência como uma “questão a mais nas periferias mas temos que falar de esperança e sonho também, que a quebrada produz muito mais do que só história triste”.
Garcia falou sobre o desenvolvimento complexo das periferias e das possíveis políticas públicas. “A juventude da periferia é aquela que desde cedo sabe que vai ter que ralar para mudar a sua vida e a da quebrada, é a juventude que mais quer entrar na universidade e vamos ter que ter paciência para reconstruir o país, mas Lula vai ouvir e se vacilar, vamos lá cobrar, por isso temos que estar organizados”.
“Nossos governos, do PT, ensinaram que tem que ter preto e pobre nas universidades. Mas o golpe fez essa galera não conseguir mais emprego e aí entra nossa responsabilidade: fomos nós que convencemos esse povo que a universidade era lugar deles e vamos continuar lutando por isso”, lembrou.
Ela também falou sobre as variadas quebradas no Brasil e a importância da “presença da nossa cara e da nossa realidade na construção do futuro, temos que botar o povo para mudar a realidade”, explicou Nádia, que também acredita que a “juventude preta tá pronta pra mandar, a gente tem que entrar nas periferias para ouvir e o povo preto tem que construir uma resistência com mais afeto. A nossa luta é por empatia também”.
Renovação e demonização da política, vulnerabilidade dos jovens e suicídio juvenil, trabalho precarizado e fome, juventudes e religião, crise econômica e falta de perspectiva de futuro melhor foram debatidos hoje. Assista a íntegra aqui.
Sobre o Pauta Brasil
Pauta Brasil recebe especialistas, lideranças políticas e gestores públicos para discutir os grandes temas da conjuntura política brasileira. Os debates são realizado nas segundas, quartas e sextas-feiras, sempre às 17h, e serão transmitidos ao vivo pelo canal da Fundação Perseu Abramo no YouTube, sua página no Facebook e perfil no Twitter, além de um pool de imprensa formado por DCM TV, Revista Fórum, TV 247 e redes sociais do Partido dos Trabalhadores.
O novo programa substitui o Observa Br, programa que era exibido nas quartas e sextas-feiras, às 21h. Clique aqui e acesse a lista de reprodução com os 66 programas.