Cursinhos Populares: organização social e reconstrução do Brasil
Na quarta-feira, 13 de outubro, o programa Pauta Brasil abordou as experiências de cursinhos populares no país, “um instrumento interessante e eficaz de ensino e organização dos jovens”, segundo Artur Araújo, mediador da conversa que aconteceu com as participações de Karen Tavaves, Luna e Maria Isabel Cardoso.
Luna é cientista social, estudante de Direito do Mackenzie, educadora popular e coordenadora da Rede de Cursinhos Populares Elza Soares, militante do Disparada e do PT. Ela acredita que os cursinhos são importantes neste momento de “mudanças para pior da situação nacional”. “A vitória de Bolsonaro foi uma derrota para quem defende direitos. Queremos por meio da educação fortalecer as periferias”, contou.
A rede Elza Soares, coordenada por Luna, aglutina por volta de 500 jovens, com ações de ensino, cultura e de cunho político. “Os cursinhos não se desconectam do político, estamos fazendo formação de gente e gostamos muito de nos inspirar na trajetória de Elza Soares, mulher preta e periférica”, disse Luna, lembrando também a importância de combater o governo Bolsonaro.
Maria Isabel Cardoso, Mabel, é estudante de Física na UFES, diretora estadual do Coletivo Disparada Espírito Santo e educadora popular no Cursinho Popular Tereza de Benguela. Ela também relatou o início do cursinho e as dificuldades vividas pelos alunos e alunas da rede pública. “O papel do cursinho popular, além de preparar para o vestibular, é trazer também a consciência do poder de transformação da nossa realidade”, disse.
Mabel relatou as ações criativas dos “educadores-lutadores” para superar obstáculos, envolver mais jovens e a inspiração deste cursinho, Tereza de Benguela, em homenagem à uma poderosa líder de quilombo. Durante a pandemia também fizeram mobilizações pelo direito ao ensino, “negligenciado pelo governador do Espírito Santo” e organização de ações de solidariedade com categorias profissionais de combate à fome.
Karen Tavares cursa o terceiro ano do Ensino Médio, estudante da Rede de Cursinhos Populares Elza Soares, moradora do Grajaú, zona Sul de São Paulo. A jovem relatou as dificuldades de cursar e pagar por um curso pré-vestibular particular. “Quando encontrei o cursinho, já na primeira aula fiquei encantada porque tem o ensino e uma rede de apoio para este momento que incluiu até a minha mãe. Com a pandemia e o desgoverno, não foi fácil”, contou.
A estudante se inspira na irmã Karina, “aquela que puxou o bonde na família para os estudos e que, graças ao Prouni do Lula, cursou universidade”. Karen se preocupa com o futuro dos estudos, com a falta de acesso mas também alerta sobre outra preocupação: “a gente não sabe se terá o que comer amanhã mas vamos continuar pela educação para todos”.
A situação caótica do Brasil, as desigualdades sociais e as trocas possíveis entre as experiências de ensino em cursinhos populares, a importância de inserir pretos e pobres nas universidades e a luta pelo direito universal à educação foram discutidos no programa. Assista a íntegra aqui
Sobre o Pauta Brasil
Pauta Brasil recebe especialistas, lideranças políticas e gestores públicos para discutir os grandes temas da conjuntura política brasileira. Os debates são realizado nas segundas, quartas e sextas-feiras, sempre às 17h, e serão transmitidos ao vivo pelo canal da Fundação Perseu Abramo no YouTube, sua página no Facebook e perfil no Twitter, além de um pool de imprensa formado por DCM TV, Revista Fórum, TV 247 e redes sociais do Partido dos Trabalhadores.
O novo programa substitui o Observa Br, programa que era exibido nas quartas e sextas-feiras, às 21h. Clique aqui e acesse a lista de reprodução com os 66 programas.