Revista de julho: Negras, periféricas e protagonistas das lutas
A Revista Reconexão Periferias do mês de julho é dedicada à luta das mulheres negras, nos marcos da data do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, 25 de julho.
Maioria da população brasileira, as mulheres negras das periferias de nosso país precisam lidar cotidianamente com o preconceito e com as discriminações de raça, gênero e classe. Esta luta histórica torna-se ainda mais urgente e atual em momentos de retrocessos econômicos e desmonte de direitos, como o que estamos vivendo sob o governo Bolsonaro. No mercado de trabalho, elas são a maioria das pessoas desempregadas. Entre as que conseguem um emprego, elas as ocupam os postos mais precários, informais, sem direitos garantidos e com menor renda. Muitas ainda são as únicas responsáveis pelos cuidados com filhos, com a casa e com idosos, situação que se agravou ainda mais durante a pandemia.
Mas se os desafios são gigantes, as possibilidades de superá-los que vêm sendo construídas mostram-se ainda maiores. São as mulheres negras que vêm protagonizando a luta nas periferias do Brasil, construindo saídas coletivas e solidárias, organizando o território para resistência e para a conquista de direitos.
Para avançarmos nessa luta é preciso dar visibilidade e apoio concreto a essas ações, e, além disso, que todos e todas assumam uma postura antirracista, reconhecendo e respeitando a contribuição histórica das feministas negras para a democracia e para a esquerda latino americana.
Apresentando a realidade das mulheres negras no mercado de trabalho brasileiro atualmente trazemos o artigo de Rosana Fernandes, secretária nacional-adjunta de Combate ao Racismo da CUT.
A entrevista do mês é com Lins Robalo, mulher negra trans eleita pelo PT para vereadora em São Borja (RS). Lins fala das dificuldades que encontra, mas também das conquistas que vêm construindo em seu mandato.
No artigo do coletivo das Mulheres Negras Resistem, Ariadne Rios, Mona Lisa da Silva e Vera Rodrigues contam sobre o processo de construção do primeiro e-book do grupo, o qual se propõe a recontar a trajetória coletiva construída de resistência ao racismo e sexismo.
O perfil do mês é sobre o coletivo de Mulheres Negras de Mato Grosso do Sul, voltado ao protagonismo dessas mulheres e sua inserção nas políticas públicas.
Em Novos Atores a trajetória de Verônica Lima, primeira mulher negra eleita vereadora na cidade de Niterói. Sua história é marcada pela luta das mulheres, da população negra e das pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Na seção de Arte são destaques Gracinha Donato, que trabalha com a linguagem teatral atua em diferentes peças e outras montagens artísticas, com música e produções audiovisuais, além de ser a articuladora política e cultural no Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM). E Nielson de Lima, mais conhecido como Terror do Rap, uma resistência da cultura hip hop no Recife, que passa, com sabedoria, uma visão em seus escritos, trazendo voz para o povo da periferia ao percorrer sua caminhada.
A revista traz ainda artigo de homenagem em memória de Malu Viana, baseado em seus próprios escritos. Mulher negra, pioneira no hip hop, atuante nas principais lutas de sua geração, companheira de todas as horas do Reconexão Periferias, candidata a vereadora na última eleição ela nos deixou em junho, causando um profundo pesar sobre sua partida. Malu Viana estará sempre presente conosco com a energia única que apresenta em sua foto que estampa a capa dessa edição da Revista Reconexão Periferias.