Alimentos saudáveis e sem agrotóxicos: atos políticos para mudar o mundo
O programa Pauta Brasil do dia 30 de junho reuniu especialistas para debater alternativas ao modelo de produção do agronegócio pautado no latifúndio e no uso indiscriminado de agrotóxicos.
Na abertura do programa, realizado no dia da entrega na Câmara dos Deputados do super pedido de impeachment de Bolsonaro, os números absurdos do uso de agrotóxicos no país, nocivos e venenosos (alguns mais perigosos do que o uso do cigarro), tem ligação direta com a ação do desgoverno Bolsonaro.
O deputado federal Nilto Tatto (PT-SP) falou sobre o sistema agrícola do mundo, “neste modelo sempre foi defendido o uso de agroquímicos para combater a fome no mundo. Quem ganha com esse modelo são as grandes corporações e o sistema financeiro mundial”, falou. E são essas mesmas corporações que estão por trás das movimentações para liberar agrotóxicos, explicou.
Tatto falou sobre a pressão de setores produtores que querem baratear custo e “as consequências para o meio ambiente, saúde das pessoas e inclusive para a própria produtividade. Agrotóxicos não aumenta a renda nem a produtividade”, disse. Ele defendeu a organização dos movimentos sociais para combater os retrocessos no campo e que é possível produzir sem veneno.
Marina Lacorte é engenheira agrônoma e porta-voz da Campanha de Agricultura e Alimentação do Greenpeace e acredita que o impacto dos agrotóxicos “já é de conhecimento da maior parte da população e é preciso adotar caminhos mais saudáveis e sustentáveis. Assim como soluções para a fome que não sejam a partir deste modo de produção”.
Lacorte denunciou que o momento da pandemia tem servido para que “passe a boiada” no Congresso, inclusive com retrocessos no que diz respeito ao uso de agroquímicos. “É possível produzir sem agrotóxico, mas nosso modelo é baseado no lucro das empresas. O que vivemos hoje não é uma escolha nossa, mas de empresas que pensam somente em seus interesses”.
Joice Lopes é assentada da Reforma Agrária do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra e falou sobre o crescimento do agronegócio, “33% em relação ao ano passado, e mesmo assim a fome aumenta, cadê a geração de renda para o nosso povo?”.
Joice defendeu a reforma agrária, com demandas por estados, e a agroecologia, unidas, como forma de produção e “outra relação entre os seres humanos e a natureza, voltar a ter essa relação. É um modo de vida de produzir e de se relacionar com o mundo”, explicou e também falou sobre a experiência de cestas agroecológicas.
Preservação ambiental, terra partilhada, experiências dos povos originários, combate à fome com alimentos saudáveis. “Enquanto nosso povo passa fome, não temos terra para plantar. Se alimentar é um ato político”, disse.
O deputado Tatto também relatou a agrobiodiversidade da alimentação que temos no país, da vasta experiência de quilombolas e ribeirinhos na produção de alimentos livres de veneno, das possíveis políticas públicas para o campo produzir, com qualidade e sem veneno. Ele falou sobre a importância do investimento técnico e que os casos de câncer e “outras doenças que surgem com força como consequência do uso de tanto veneno” precisam ser relatados à sociedade e defendeu a luta contra o PL do Veneno.
Na rodada final, Marina defendeu que as soluções para estes temas são políticas. “A saída é coletiva, devemos ter atitudes individuais, mas exercer papel de cidadãos”. Joice acredita que é preciso ir para as ruas, “tirar Bolsonaro, que é pior do que a pandemia, pedir vacina no braço e comida no prato”.
Assista a íntegra do Pauta Brasil aqui.
Pauta Brasil receberá especialistas, lideranças políticas e gestores públicos para discutir os grandes temas da conjuntura política brasileira. Os debates serão realizado nas segundas, quartas e sextas-feiras, sempre às 17h, e serão transmitidos ao vivo pelo canal da Fundação Perseu Abramo no YouTube, sua página no Facebook e perfil no Twitter, além de um pool de imprensa formado por DCM TV, Revista Fórum, TV 247 e redes sociais do Partido dos Trabalhadores.
O novo programa substitui o Observa Br, programa que era exibido nas quartas e sextas-feiras, às 21h. Clique aqui e acesse a lista de reprodução com todos os 66 programas.