Revista de maio: garantir a vida e denunciar o genocídio de Bolsonaro
No mês em que celebramos o Dia Internacional do Trabalhador e da Trabalhadora, a edição da Revista Reconexão Periferias não poderia ter como pauta outro tema, ainda mais em um contexto de tantos ataques à vida e aos direitos da classe trabalhadora em nosso país.
Mais de um ano após o início da pandemia podemos ver com nitidez que os trabalhadores/as das periferias do Brasil não puderam ter seus empregos e suas vidas protegidas pelo Estado brasileiro. Os profissionais das ocupações ditas como essenciais seguiram cumprindo suas jornadas de trabalho, cada vez mais expostos ao coronavírus e a péssimas condições de trabalho e remuneração. Considerando esse contexto atual que o Brasil vive, o artigo do coletivo Núcleo de Estudos Negros (NEN) discute a ideia crescente de empreendedorismo, a precarização do trabalho e as altas taxas de desemprego, trazendo a Economia Comunitária e Popular como uma alternativa contra hegemônica protagonizada por aqueles que de fato produzem a economia brasileira.
A entrevista do mês traz um papo com Terezinha, trabalhadora doméstica diarista, e Jeová, motorista de ônibus. Terezinha não teve seu ofício decretado como essencial, mas apesar de terem diminuído suas oportunidades de trabalho, não parou durante a pandemia, e ainda assim viu sua renda cair muito. Já Jeová não parou nenhum dia, por exercer um trabalho considerado essencial, transportando centenas de pessoas, diariamente. Ambos contam suas percepções, desafios e estratégias para sobreviver a esse duro período.
Seguindo no tema geral da Revista, Chirlene do Santos Brito, secretária-geral da Associação das Trabalhadoras Domésticas de Campina Grande-PB, traz em artigo a dura realidade das trabalhadoras domésticas durante a pandemia, suas denúncias e pautas de luta, além das ações de solidariedade realizadas no período.
Em busca de um novo modelo de negócio, da periferia para a periferia, mas também para fora dela, nasceu a “Pizza da Quebrada”, entidade que tem sua história contada no Perfil desta edição. Nele podemos conferir como surgiu e se desenvolveu a ideia de oferecer pizza de qualidade às comunidades periféricas de Florianópolis, por um preço justo e priorizando a contratação de pessoas negras.
Tiago Ferreira, vereador de Salvador (BA), é o entrevistado na sessão Quando novos atores entram em cena. Eleito em 2020 pelo PT, foi o único vereador vitorioso pelo Subúrbio Ferroviário da capital baiana e sua campanha teve como mote “Do Subúrbio para toda Salvador”. Considera que seu diferencial é que vem do “povão” e trabalha pelo “povão”.
Na sessão de Arte, apresentamos Everson Alexandre de Souza, afro-religioso, da cidade de Santa Cruz do Sul, um trabalhador que faz escultura, pintura, grafite, criações de cenário e gosta de mesclar a arte com temas africanistas e rústicos.
Em 2021 são poucos os motivos para os trabalhadores e trabalhadoras comemorarem. Mas que possamos usar esta data, então, para refletir sobre os caminhos possíveis para sair dessa situação que estamos, que passam, certamente, pela unidade e solidariedade da classe trabalhadora e pela denúncia do genocídio em curso cometido por Bolsonaro.