Em 2021 o “Maio Baiano” completa 20 anos. O Centro Sergio Buarque de Holanda joga luz sobre esse momento ímpar da luta popular na Bahia através da exposição de fotos e depoimentos das manifestações ocorridas em maio de 2001. O movimento estudantil mobilizou passeatas de estudantes, trabalhadores, diversas organizações da esquerda baiana e partidos políticos contra o então senador Antônio Carlos Magalhães.

A insatisfação popular contra ACM ganhou força com o episódio da violação do sigilo do painel eletrônico do Senado. A repressão às manifestações, comandada pelo governo carlista, não poupou nem a área federal da UFBA. Estudantes e manifestantes em geral foram reprimidos mesmo dentro da universidade.

Rememorar o “Maio Baiano” é rememorar uma importante derrota das elites econômicas e sociais da Bahia, que mesmo com toda repressão, viram sua principal representação política renunciar ao cargo do Senado para não ser cassado. Chimamanda Nzogi Adiche nos fala, de forma brilhante, sobre o perigo de uma história única. Contar a história da resistência popular na Bahia, principalmente sobre a face repressora do carlismo, é importante para registrar aquilo que as elites não contam em suas biografias e para impedir que na Bahia se tenha uma história única sobre os feitos políticos dessa elite.

Elen Coutinho é diretora da Fundação Perseu Abramo

CSBH lança exposição sobre os 20 anos do 'Maio baiano'