Aniversário da FPA resgata a história e afirma missão de reconstruir o Brasil
Durante o evento de celebração dos 25 anos da Fundação Perseu Abramo, transmitido ao vivo nesta quarta-feira (5), vários dirigentes do PT e intelectuais que participaram de sua construção destacaram o papel histórico da instituição ao longo dos anos e o desafio de transformar e reconstruir o Brasil diante da pandemia e do desgoverno Bolsonaro. Participaram ao vivo do programa o presidente da Fundação, Aloizio Mercadante, a diretora Elen Coutinho e a presidenta de honra do Conselho Curador, a ex-presidenta do Brasil, Dilma Rousseff.
Em um vídeo de abertura, a ex-presidenta do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo e esposa de Perseu, a militante Zilah Abramo, lembrou que no final da vida dele a última tarefa como secretário de Formação Política do partido foi estudar a criação de um instituto ou fundação para desenvolver as atividades previstas na legislação do fundo partidário. “Recebemos como legado todas aquelas características que foram fundamentais na vida dele: a seriedade profissional, o compromisso com os princípios do partido, o sentido ético e o respeito à pluralidade de opiniões”, afirmou.
Mercadante abriu o evento falando sobre a história agregadora da FPA, que reúne intelectuais, pensadores, lideranças e dirigentes empenhados na formulação de políticas públicas e programas de governo ao longo de toda a história do PT, na resistência ao golpe e aos retrocessos dele decorrentes. “Nessa fase organizamos os Núcleos de Acompanhamento das Políticas Públicas (Napps), defendendo o legado do PT e apresentando alternativas ao Congresso. O produto mais importante por demanda do PT foi o Plano de Reconstrução e Transformação do Brasil”, afirmou.
Destacou o papel de Marco Aurélio Garcia, principalmente organizando o Centro Sérgio Buarque de Holanda, e homenageou todas as pessoas que perderam a vida em decorrência da Covid-19 na pessoa de Vilson Augusto de Oliveira, diretor da Escola Nacional de Formação do PT, militante histórico, morto em abril.
Mercadante ainda citou as mensagens de parabéns recebidas de fundações parceiras que compõem o Observatório da Democracia: Maurício Grabois, Lauro Campos-Marielle Franco, João Mangabeira, Leonel Brizola- Alberto Pasqualini, Astrojildo Pereira, Friedrich Ebert, a Contag e a CUT. E agradeceu o apoio da presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e do presidente do Conselho Curador, Fernando Haddad. O ex-presidente Lula, que está totalmente voltado a ações para o combate à fome, enviou uma carta lida por Mercadante.
A diretora Elen Coutinho disse estar honrada por dividir a celebração com Dilma e Mercadante, tão importantes na história do Brasil, especialmente para geração de jovens que acessaram a universidade a partir dos governos do PT. E afirmou que a Fundação se tornou referência para intelectuais, artistas, simpatizantes e interlocutores que não necessariamente têm organicidade na vida partidária. “A FPA contribui com o resgate do pensamento radical brasileiro, com publicações de Sérgio Buarque de Holanda, Florestan Fernandes, Antonio Candido, Celso Furtado, Mario Pedrosa, Marilena Chauí, Marco Aurélio Garcia e já produziu mais de quinhentas obras ao longo de seus 25 anos”, destacou.
Elen saudou todas as áreas, os funcionários da Fundação e a atual diretoria, composta por Aloizio Mercadante, Vivian Farias, Elen Coutinho, Jéssica Italoema, Alberto Cantalice, Artur Henrique da Silva Santos, Carlos Henrique Árabe, Jorge Bittar, Luiz Caetano e Valter Pomar, além dos diretores que estiveram no início da gestão Márcio Jardim e Lindberg Farias.
Dilma: “Fundação tem papel fundamental de garantir a compreensão da realidade para transformá-la”.
Para Dilma, o PT amadureceu, tem uma experiência histórica riquíssima, antes e depois de chegar ao governo e também na resistência ao golpe de 2016. “A Fundação foi a mais longeva instituição para além das direções do partido. Ela cumpre e vai cumprir um papel fundamental nessa trajetória, pois acredito que tenha capacidade maior de pensar o Brasil. Neste momento estamos diante de limitações que a pandemia nos impõe, a instituição ganha maior relevo como instrumento de formação e elaboração, suporte às lutas populares e planos de governo, de luta e disputa intelectual, moral e ideológica diante do crescimento dos valores da extrema direita”, disse.
Dilma afirmou que no dia 12 de maio fará cinco anos de sua saída efetiva da Presidência da República. E que no dia 29 de agosto fez depoimento ao Senado que antecipou as consequências do golpe. “Impedir uma presidenta eleita pelo voto direto, que não cometeu crime de responsabilidade, no claro sentido de perseguição, por questões orçamentárias que seriam vistas como acusações indevidas. E o que vem depois é o mais terrível negacionismo combinado com política neoliberal. E temos hoje 116 milhões em insegurança alimentar e dezenove milhões em situação de fome”.
Dilma avalia que estamos devendo muito em termos de resposta, porque somos nós que resistimos, que lutamos. “Com a inocência reconhecida de Lula pelo Supremo Tribunal Federal e a suspeição de Moro, temos a trajetória importantíssima de ter o maior líder como alternativa de poder. A Fundação tem papel fundamental, e terá ainda mais, de garantir a compreensão da realidade para poder transformá-la”.
Ex-presidentes enviaram vídeos de homenagem
Quatro ex-presidentes da FPA enviaram vídeos para falar sobre o papel histórico da Fundação e seus atuais desafios. Luiz Dulci, o primeiro presidente a instituição, disse que criar a Fundação do PT era um sonho, da direção nacional, das estaduais, dos militantes de base, criar um espaço na perspectiva da transformação social e que essa reflexão pudesse contribuir para a formação política do partido e elevação do nível de consciência das classes populares. “Perseu, por suas qualidades intelectuais e morais, era um homem exemplar do ponto de vista do socialismo democrático que sempre nos inspirou”.
O ex-presidente Hamilton Pereira afirmou que, de todos os instrumentos construídos para viabilizar a vocação transformadora do PT, a Fundação é a mais sólida e duradoura. “Concebida como espaço plural, seus conselhos contavam com nomes inclusive de não filiados. Ela se constituiu como espaço autônomo, solidário com seu instituidor, o partido, para cumprir com seu objetivo permanente de consolidar cultura política socialista e democrática.
Nilmário Miranda lembrou que foi vice-presidente por seis meses e presidente por quatro anos, na segunda parte do final do governo Lula, e que havia um processo editorial muito rico. “Corremos o Brasil para fazer um debate preparando eleição da Dilma e fizemos um trabalho muito importante com as demais fundações para avançar na democracia. Além de pesquisas de interesse da sociedade sobre LGBT, juventude, mulheres, indígenas e uma relação intensa com a política externa. Um balanço importantíssimo, documentado em livros”.
Marcio Pochmann disse que após 25 anos a Fundação continua a ser o braço intelectual do PT. “Entre o final de 2012 e 2020, a diretoria da qual fiz parte buscou colocar em prática um plano estratégico que somente foi possível com imensa colaboração do corpo de funcionários. Foram anos de trabalho de produção do conhecimento e sobretudo sua difusão, articulada e integrada com diversos segmentos preocupados com a mudança da sociedade brasileira, com a emergência do novo sujeito social, diante da sociedade de serviços, que requer uma nova forma de fazer política”, destacou.
Em vídeo, a membra do Conselho Curador Laís Abramo falou em nome de sua família. “É uma honra para nós, da família Abramo, que a Fundação tenha o nome do nosso pai, que dedicou à construção e consolidação do partido uma parte muito importante de sua energia nos 16 anos transcorridos desde aquele dia no Colégio Sion em 1980 até sua morte em 1996. Por essa razão sempre nos alegrou muito essa homenagem e sempre nos sentimos muito comprometidos em entregar nossa contribuição militante para que a Fundação crescesse, se consolidasse e cumprisse seus objetivos.”
Um depoimento em vídeo de 2001, do intelectual Antonio Candido, finalizou o evento: “Estou envolvido na coordenação do seminário sobre socialismo, e a Fundação é uma das instituidoras desse seminário. Temos publicações como resultado desse seminário, muito interessante, que têm espalhado o pensamento do Partido dos Trabalhadores por todo o país”.
Assista ao evento.