O dia 31 de março carrega uma quantidade enorme de lembranças de um momento duro, difícil e criminoso do Brasil. A execução do golpe militar que massacrou o país foi iniciada neste dia. O que foi vivido neste período será o centro deste Pauta Brasil, no dia 31 de março.

Com mediação de Alberto Cantalice, diretor da Fundação Perseu Abramo, participaram José Luiz del Roio, Maria Victória Benevides e Rui Falcão, três personalidades perseguidas pela ditadura que contaram os horrores daquele período.

Rui Falcão é jornalista e deputado federal pelo PT-SP. Comentou os significados do golpe de 1964 e se há paralelos com o momento atual. Ele preferiu começar elencando os vários momentos do Brasil nos quais os militares estiveram envolvidos de alguma forma, como foi com João Goulart e as reformas propostas.

Segundo contou Rui Falcão “o pretexto para o golpe de 1964 foi o comício onde João Goulart anunciou o aumento de salário mínimo e desapropriação de terras para reforma agrária”.

José Luiz del Roio é membro do Comitê Memória, Verdade e Justiça e comemorou a ação da imprensa alternativa e ironizou as declarações “do historiador” general Braga Neto, que não fala das várias ações criminosas das Forças Armadas, como os “sete mil militares expulsos e perseguidos porque se opuseram ao golpe”.

Del Roio disse que é impossível ler os relatos das torturas que sofreram as mulheres e que a Comissão da Verdade precisa de uma continuidade. Os processos de reparação estão sendo revertidos ou cancelados e Del Roio defendeu que é preciso lutar pela interdição já de Bolsonaro: “é um psicopata”.

Maria Victória Benevides é socióloga, professora da USP, membro da Comissão Arns de Direitos Humanos e do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo. Ela também fez considerações sobre fatores que influenciaram o golpe como a ação da Igreja Católica, a mídia e o apoio estadunidense.

A professora também discorreu sobre a diferença entre militares nacionalistas e entreguistas, estes últimos defensores da máxima “o que é bom para o Estados Unidos é bom para o Brasil”.

Lembrou, também, que os militares associados ao golpe de 1964 tinham projeto de país e de nação, de desenvolvimento através da industrialização, começada no governo Getúlio Vargas e depois continuada por Juscelino Kubitschek. “Este desgoverno Bolsonaro nunca teve projeto algum e essa é uma diferença grande entre os dois momentos”, afirmou.

Para ela, são marcantes as diferenças entre o Brasil do passado e de hoje, como a internet, a pandemia, uso das redes sociais, além de “não termos hoje nenhum militar com o peso daqueles do passado, chefes militares. Se tivéssemos, os generais de hoje não aceitariam a imposição de Bolsonaro, um capitão reformado, considerado mau militar”.

Rui Falcão acredita que para defender a democracia é preciso debater a situação dos militares no país e que Bolsonaro precisa ser afastado, porque a crise “não é só pandêmica, é econômica, social, a instabilidade é permanente e temos hoje no governo mais militares do que na ditadura”. “O fora Bolsonaro é para hoje”, finalizou.

Assista a íntegra do Pauta Brasil aqui.

 

Pauta Brasil receberá especialistas, lideranças políticas e gestores públicos para discutir os grandes temas da conjuntura política brasileira. Os debates serão realizado nas segundas, quartas e sextas-feiras, sempre às 17h, e serão transmitidos ao vivo pelo canal da Fundação Perseu Abramo no YouTube, sua página no Facebook e perfil no Twitter, além de um pool de imprensa formado por DCM TV, Revista Fórum, TV 247 e redes sociais do Partido dos Trabalhadores.

O novo programa substitui o Observa Br, programa que era exibido nas quartas e sextas-feiras, às 21h. Clique aqui e acesse a lista de reprodução com todos os 66 programas.

`