Pauta Brasil: ciência e saúde como eixos de desenvolvimento
Pauta Brasil desta quarta-feira, 24 de março, começou com uma expressão de indignação: são 300 mil mortos pela Covid-19, uma tragédia nacional a despeito do governo Bolsonaro negar a gravidade da situação e por conta disso não adotar nenhuma das políticas e procedimentos essenciais para a reversão do quadro.
Com mediação de Elen Coutinho, diretora da Fundação Perseu Abramo, o programa recebeu Sérgio Rezende, Fábio Guedes e Helena Frates para discutir as crises da ciência, tecnologia e educação superior e as consequências para o momento que vivemos.
Sergio Machado Rezende é físico e foi ministro da Ciência e Tecnologia no governo Lula entre 2005 e 2010 e hoje é coordenador do Comitê Científico do Consórcio Nordeste. Ele falou sobre as ações do comitê científico do Consórcio, relatando o surgimento e, trabalhos desenvolvidos e boletins de alerta e orientação para os governos.
Rezende lamenta as mais de 300 mil mortes e relembra que “Bolsonaro, desde a chegada da doença no Brasil, desdenhou e abriu mão de criar uma política federal de enfrentamento da pandemia. Os governadores sentiram que não poderiam ficar reféns dessa ausência de política do governo Bolsonaro”, explicou Rezende.
“Todos estados do Nordeste, em maio, decretaram isolamento total, fazendo cair os números de contágio e óbitos. E os casos do Nordeste caíram, o que indica que os governadores seguiram a ciência e as recomendações estavam no caminho certo. Passados dois meses, com a segunda onda na Europa, anunciamos que poderia ter variante nova, mas chegamos à situação de hoje, muito preocupante”, relata.
Estamos vendo o Brasil na situação desconfortável de ter o maior número de mortes diário, sem vacinas para toda população e com ausência de política federal para enfrentar esses problemas todos.
Fábio Guedes é professor de economia da UFAL, doutor em Administração pela UFBA, membro do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento e integrante do Comitê Científico do Consórcio de Governadores do Nordeste.
Ele contou que o Consórcio do Nordeste se reúne desde 2003 para discutir os problemas regionais. “A partir de 2015, com muito mais frequência, e com o tema da ciência, tecnologia e inovação já na pauta destes governadores. Foi crucial esse histórico no contexto da pandemia”, explicou.
“O que foi produzido ao longo destes catorze meses, por meio de boletins do Comitê Científico, foi sendo utilizado também por outros estados, como referência, e comitês similares foram criados. As sub-redes que surgiram, como a Rede Mandacaru, também são outro resultado do Comitê”. Se o Brasil tivesse criado um comitê de crise científico “lá no começo, teríamos poupado muitas vidas”. Para o professor, a desindustrialização do país também tem um peso enorme na crise e nas desigualdades no Brasil.
Helena Maria Martins Lastres é economista, pós-doutora em Inovação e Sistemas Produtivos Locais. Pesquisadora Associada ao Programa de Pós-graduação do Instituto de Economia da UFRJ e atualmente coordena a Rede de Sistemas e Arranjos Produtivos e Inovativos Locais.
Lrastes defendeu a importância da saúde pública: a pandemia deixou às claras as consequências de “relevar serviços de saúde, ciência, tecnologia e educação, que foram colocadas no centro das atenções do mundo inteiro”, mas não no Brasil.
Para ela, a pandemia irá marcar para sempre a humanidade e enfatiza a necessidade de pensar o bem viver e o investimento na vida com qualidade e igualdade. “A saúde é um dos eixos para a mudança capaz de gerar vida digna com sustentabilidade. Temos que repensar nossas formas de consumo, as formas de produção e as relações entre nós, seres humanos. Estamos muito atrasados e a rápida resposta de governos sub-nacionais, como o Consórcio Nordeste, tem que ser mais divulgada, tornando visíveis as políticas inclusivas e solidárias”.
Assista a íntegra do Pauta Brasil aqui.
Pauta Brasil receberá especialistas, lideranças políticas e gestores públicos para discutir os grandes temas da conjuntura política brasileira. Os debates serão realizado nas segundas, quartas e sextas-feiras, sempre às 17h, e serão transmitidos ao vivo pelo canal da Fundação Perseu Abramo no YouTube, sua página no Facebook e perfil no Twitter, além de um pool de imprensa formado por DCM TV, Revista Fórum, TV 247 e redes sociais do Partido dos Trabalhadores.
O novo programa substitui o Observa Br, programa que era exibido nas quartas e sextas-feiras, às 21h. Clique aqui e acesse a lista de reprodução com todos os 66 programas.