A FPA, por meio do Núcleo de Opinião Pública, Pesquisa e Estudos (Noppe) se propôs a fazer uma análise dos resultados das Eleições Municipais de 2020, com base nos dados de resultados consolidados pelo Tribunal Superior Eleitoral. Estes dados foram agrupados e analisados pela equipe do Noppe em parceria com as Secretarias Nacionais de Assuntos Institucionais (Snai) e de Organização (Sorg) do Partido dos Trabalhadores. O estudo, que está em elaboração e integra o plano de trabalho do Noppe para 2021, propôs dividir a análise em cinco capítulos, sendo estes: 1) Comparativo 2016-2020; 2) Campos Políticos; 3) Abstenção; 4) Desempenho do PT e 5) Sucessão e Reeleição.

A íntegra pode ser lida aqui.

Destacamos no capítulo 1 que o MDB, tradicionalmente o partido com o maior número de prefeituras eleitas, perdeu 24% das prefeituras que havia eleito no pleito anterior (em 2016). Os dados de votação no primeiro demonstram que houve, uma queda substancial na votação do PSDB, do MDB e do PSB, uma manutenção do PT, aumento do DEM, PSD e PP, e uma queda razoável do PDT.

Ressaltamos, com dados, que não há uma relação de correlação entre os resultados eleitorais de uma eleição municipal com a eleição nacional seguinte, embora evidentemente elas não estejam dissociadas. Para isso, trouxemos os desempenhos do PT historicamente até 2002, tanto nas campanhas anteriores às derrotas do partido em 89, 94 e 98, e à anterior à vitória de 2002, o desempenho do PRN, de Collor, na eleição anterior à sua vitória em 89, e o desempenho do PSDB anterior às vitórias de 94 e 98. Neste sentido, os desempenhos estão mais atrelados às eleições que se sucederam às vitórias nacionais do que ao contrário – não se verifica um aumento substancial nas eleições anteriores às vitórias presidenciais.

Estudo da FPA analisa os resultados das eleições 2020

Estudo da FPA analisa os resultados das eleições 2020

No capítulo 2, o Noppe realizou um esforço de agrupar os partidos em campos políticos, para tentar interpretar do ponto de vista das prefeituras como estariam as diferentes forças da política nacional. Optou-se por fazer duas divisões: uma que agrega toda a direita, de um lado, todo o campo progressista, de outro, e outros partidos que não se incluem nesta divisão, numa terceira posição. No segundo modelo de divisão, dividimos a direita em três campos – centrão, direita neoliberal e extrema-direita – e o campo progressista em dois – centro-esquerda e esquerda, incluindo nesta divisão os partidos outrora classificados como “Outros”, mantendo esta separação. Optou-se por incorporar ao centrão partidos que estão mais próximos do bolsonarismo – como Republicanos, PTB e outros – visto que historicamente tais partidos comportam-se fisiologicamente aderindo a governos das mais diferentes matrizes ideológicas.

No modelo 1, verifica-se um aumento da direita em população governada (de 157.881.810 para 173.038.256) e queda do campo progressista (37.870.244 para 28.608.862). PV e Rede, somados, caíram de 4.859.142 para 1.331.598.

Considerando os campos desagregados e os dados de população governada e de votação, os gráficos abaixo demonstram que dentro da direita verificou-se um aumento substancial do centrão e queda da direita neoliberal. Já no campo progressista, a centro esquerda teve queda, enquanto a esquerda manteve um patamar semelhante ao de 2016. No último caso, vale ressaltar que em 2016 já havia se verificado uma queda substancial de votação em relação a 2012.

Estudo da FPA analisa os resultados das eleições 2020

Estudo da FPA analisa os resultados das eleições 2020

No capítulo 3, destacamos que houve recorde de abstenção nos dois turnos das eleições municipais de 2020. No primeiro turno o Brasil registrou 23,14% de abstenções, contra 17,6% de 2016. O percentual de brasileiros que deixou de votar no segundo turno das eleições municipais de 2020 chegou a 29,47% Ou seja, mais de 11 milhões de pessoas deixaram de ir às urnas. Todas as capitais, com exceção de Belém, registram aumento com relação há 4 anos atrás, no segundo turno.
Em relação ao desempenho do Partido dos Trabalhadores, tema do capítulo 4, chama atenção que os dados de disputa, prefeituras eleitas e a taxa de sucesso são bastante parecidas com o resultado do ano 2000. Em relação à votação nacional, no entanto, considerando o sucessivo aumento do eleitorado o PT manteve taxa semelhante à de 2016 – as duas mais baixas desde o início da série histórica (que se inicia em 1996).

Estudo da FPA analisa os resultados das eleições 2020

Estudo da FPA analisa os resultados das eleições 2020

Se o saldo negativo do Partido do Trabalhadores foi de 73 prefeituras a menos nessas eleições, é importante destacar que 35 destas foram fora do período eleitoral – de acordo com a Secretaria de Organização do partido. Os dados de coligação também chamam a atenção. Ao contrário do que se veicula, de que o partido teria se isolado nas eleições de 2020, o O PT integrou coligações em 2.877 municípios. Foram 307 Coligações com PDT, 257 com o PSB, 197 com o PCdoB, 66 com o PSOL, 46 com o PV e 42 com a Rede.

No capítulo 5, iniciamos um levantamento sobre os dados de reeleição e sucessão de prefeitos nas eleições de 2020, sob a hipótese de que nessas eleições predominou o sentimento de continuidade e o poder das máquinas públicas. Nos dados já levantados, referentes às capitais, destaca-se que 10 prefeitos foram reeleitos e 5 fizeram sucessão.

Os próximos passos deste estudo, que continuará no ano de 2021 incorporado ao plano de trabalho do NOPPE, são o aprofundamento das análises sobre sucessão e reeleição, a realização de um “Raio-X” dos eleitos pelo PT nas prefeituras e câmaras municipais, além de ampliar os recortes por estados e municípios.

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