O ex-sindicalista e secretário-executivo do Comitê Internacional Lula Livre Kjeld Aagaard Jakobsen morreu na madrugada deste sábado, aos 65 anos, depois de longa batalha contra um câncer no pâncreas. Kjeld era especialista em relações internacionais, doutor na área pela Universidade de São Paulo, e atuava como consultor. Foi diretor da Fundação Perseu Abramo (FPA) de 2013 a 2016 e fez grandes contribuições para as produções do grupo de conjuntura da FPA.

Dinamarquês radicado no Brasil desde os 9 anos, ele cresceu em Holambra, interior de São Paulo, e tornou-se um dos mais respeitados dirigentes da CUT, que ajudou a organizar e a construir nacionalmente. Chegou a presidir a central entre maio e agosto de 2000. Na ocasião, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, deixou o posto para disputar a eleição para prefeito de São Bernardo do Campo. E o vice, João Vaccari Neto, não assumiu para se dedicar à campanha pela presidência da própria CUT a partir do congresso da entidade, em agosto daquele ano.

Kjeld Jakobsen era considerado um interlocutor atento, sereno e muito respeitoso com os divergentes. O atual presidente da CUT, Sérgio Nobre, afirma que o companheiro deixa “um legado inestimável ao movimento sindical, à CUT, à classe trabalhadora, a todos que sonham e lutam por um Brasil mais igual”. E cita o título de um dos livros como com uma marca do sindicalista. “Kjeld deixa Um Olhar sobre o Mundo, como diz o título de um dos inúmeros e preciosos livros que ele escreveu. Todo carinho e solidariedade à família”, lamenta Sérgio Nobre.

O professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, Giorgio Romano, amigo de Kjeld, o define como uma pessoa “calma no meio da tormenta” e muito solidária. “Sangue frio, mas coração quente e no lugar certo. Para Kjeld, ser de esquerda tinha um significado humano profundo. Ele teria muito a contribuir ainda com as nossas reflexões. Quem conviveu com ele vai se lembrar para sempre dele”, observa Romano.

O Comitê de Solidariedade Internacional em Defesa de Lula e da Democracia no Brasil lamentou o falecimento de Kjeld, que atuava como secretário-executivo da entidade. “A sua trajetória como dirigente e militante defensor dos direitos dos trabalhadores é muito mais extensa. Kjeld foi secretário Internacional da CUT, presidente interino da CUT, secretário de Relações Internacionais da Prefeitura Municipal de São Paulo durante o governo Marta, diretor da Fundação Perseu Abramo, consultor em Cooperação e Relações Internacionais da FPA, além de muitos outros cargos e atividades. São décadas de história de lutas”.

Era um homem calmo, porém, firme, e nunca perdeu a esperança de construir um mundo melhor. Gostava genuinamente da companhia das pessoas e lutou pela vida de todos desde sempre, como militante socialista e internacionalista. Resistiu bravamente por sua própria vida até o último instante.

Kjeld será para sempre lembrado por sua alegria, generosidade, amizade e senso de humor imbatível. Gostava de rock, tocava violão nos momentos de festa e não perdia uma oportunidade de reunir os amigos.

Nas palavras de sua companheira, Leonor, ele deixa esta vida envolto em muito amor, solidariedade, coragem, força e a dignidade de marcaram sua história.

Até sempre, companheiro. O mundo perde um combatente insubstituível pela igualdade. Sentiremos muita saudade.

Diretoria da Fundação Perseu Abramo

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