Revista Reconexão Periferias traz novembro negro
Durante o ano todo, a Revista Reconexão Periferias apresenta temas relacionados às periferias do Brasil, e, por consequência, às pessoas que nelas vivem, que são, em sua imensa maioria, pessoas negras. É impossível falar de periferia sem falar da questão racial, assim como o inverso se mostra verdadeiro, falar da vida das pessoas negras passa, também, por falar de seus territórios, de suas comunidades, das periferias e favelas do nosso país.
Mas não só. Tratar de assuntos da vida de homens e mulheres negros é tratar sobre economia, geração de empregos, desenvolvimento local, cultura, educação, transformações na justiça criminal, saúde física e mental, e disputa política pelo poder, por exemplo. Todos assuntos citados que já foram pauta desta Revista e que pudemos apresentar como estão diretamente relacionados com a questão racial.
No mês da consciência negra, novembro, a Revista Reconexão Periferias ressalta sua convicção de que, se queremos construir uma sociedade justa, não basta não sermos racistas, é preciso sermos antirracistas. É preciso agir contra o racismo, denunciá-lo, desconstruí-lo. Ter a consciência de que as questões raciais, assim como de gênero, em nossa sociedade, são tão estruturais quanto classe social.
Assim, ainda que o momento em que vivemos, de pandemia e de profundo descaso do governo federal com a vida e com a sobrevivência digna das pessoas, apresente-se bastante crítico para toda classe trabalhadora, os mais afetados são as mulheres e a população negra (homens e mulheres). No campo do emprego, por exemplo, de acordo com dados do Dieese, a partir da Pnad/IBGE, a população negra perdeu ou precisou deixar mais o emprego do que os não negros no decorrer da pandemia: do total de negras/os ocupados no primeiro trimestre de 2020, 15% estavam sem trabalho no segundo trimestre, situação que ocorreu com 10% dos não negros.
Buscando dialogar com os aspectos históricos das relações raciais e do trabalho no Brasil, nesta edição trazemos o artigo do advogado Daniel Bento Teixeira, refletindo sobre políticas de inclusão no mercado, tais como processos seletivos para trainees exclusivos para pessoa negras.
O doutor em Saúde Pública Alexandre da Silva trata aspectos do envelhecimento da população negra, e da importância de propor, articular e pactuar a implementação de ações efetivas para o bem-estar e direito de vida digna com saúde para essa pessoas.
O artigo do sociólogo Paulo Ramos afirma e argumenta que 2020 é um ano de inflexão no debate sobre racismo no Brasil, e até mesmo, em todo o mundo.
Também com esta perspectiva otimista e como um sopro de esperança, historiador e secretário estadual de Combate ao Racismo do PT de São Paulo, Tiago Soares, celebra as conquistas que negros e negras tiveram no campo da política institucional e faz votos de que no mês da consciencia negra as eleições sejam também um marco para eleger candidaturas negras e periféricas.