tvPT: por que vítimas de estupro são responsabilizadas pela sociedade
As imagens de uma audiência em que a vítima de estupro, Mariana Ferrer, foi humilhada e agredida pelo advogado do réu, divulgadas na semana passada, escancaram um conceito que há muito prevalece na sociedade: o de que as mulheres são responsabilizadas pela violência que sofrem. Para debater este tema, o porgrama da tvPT desta terça-feira (10) convidou A secretária de Mulheres do PT, Anne Moura, a jornalista da Rede Brasil Atual Claudia Motta e a advogada Thayná Yaredy, assessora da Conectas e membra da Coalizão Negra por Direitos, #MeRepresenta e TretAqui.org.
O 13ª Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em setembro do ano passado, registrou recorde da violência sexual. Foram 66 mil vítimas de estupro no Brasil em 2018, maior índice desde que o estudo começou a ser feito em 2007. A maioria das vítimas – 53,8% – foi de meninas até 13 anos. O perfil do agressor é de uma pessoa muito próxima da vítima, muitas vezes seu familiar, como pai, avô e padrasto, conforme identificado em outras edições do anuário. Isso considerando que a imensa maioria dos casos de estupro não é notificada.
Segundo o Atlas da Violência do IBGE/Ipea, que analisou dados de 2018, a cada seis horas e 23 minutos uma mulher é morta dentro de casa no Brasil. E o percentual de mulheres que sofrem a violência dentro da residência é 2,7 maior do que o de homens, o que reflete a dimensão da violência de gênero e, em particular, do feminicídio. Apenas em 2018, as pessoas negras representaram 75,7% das vítimas de homicídios em relação a não-negras. Da mesma forma, as mulheres negras representaram 68% do total das mulheres assassinadas no Brasil.
O programa vai ao ar nesta terça-feira, 10 de novembro, às 11h, pelo canal do PT no Youtube.